Política

Marcelo, o "Presidente realista", insiste: "Era importante dizer aos portugueses que cenários existem"

O Presidente da República assinalou o início do ano letivo na Escola Secundária Pedro Nunes, em Lisboa
O Presidente da República assinalou o início do ano letivo na Escola Secundária Pedro Nunes, em Lisboa
JOSÉ SENA GOULÃO

Presidente da República salienta previsões de Centeno, mas coloca em Medina a responsabilidade de apresentar quadro macroeconómico. E quer separar discussão sobre 2023 do debate sobre pensões

No sábado avisou: “O que vem aí é mau". E aconselhou o Governo a divulgar o quanto antes o quadro macroeconómico para 2023. Quatro dias depois, o Presidente da República insiste. “Era importante dizer aos portugueses ‘os cenários que há são estes’”, disse Marcelo Rebelo de Sousa em declarações aos jornalistas à margem da aula que foi dar na Escola Secundária Pedro Nunes, em Lisboa.

"Espero que as incertezas que existem ligadas à guerra não sejam de 5-6 anos. Mal seria! Certamente ainda durarão uns tempos e certamente haverá efeitos no ano que vem e o que interessa agora para os portugueses saberem com que linhas se cozem é saberem as previsões para o próximo ano", disse o PR, insistindo com o Governo para que divulgue as previsões antes da entrega do Orçamento do Estado (OE) que tem prazo até 10 de outubro.

Na sua ida ao Pedro Nunes, que foi o seu liceu, o Presidente também anunciou já que, como é habitual em alturas de discussão do Orçamento vai receber os partidos. Vai também reunir o Conselho de Estado para analisar a situação política e socioeconómica do país, depois dessas audiências.

Questionado pelos jornalistas sobre se tem uma visão pessimista para os próximos anos, Marcelo respondeu que é um “Presidente realista” que sabe que os números de crescimento económico deste ano não se vão repetir nos próximos. “É do interesse dos portugueses em primeiro lugar, mas é do interesse do Governo e das oposições para sabermos todos do que estamos a falar”, reforçou Marcelo que gostaria de já ter essas previsões divulgadas para que a discussão que se faz à volta das medidas que o Governo apresentou para as famílias e para as empresas já estivesse a ser feita com o conhecimento do que se espera em 2023.

“Por uma questão de organização do pensamento, começaria por dizer as previsões para 2023", continuou Marcelo, “depois o debate sobre o Orçamento tem de ser dentro desses limites”. O PR também quer separar a discussão das medidas e a discussão do OE do debate sobre a sustentabilidade das pensões: é preciso “separar as discussões: uma é qual a margem de manobra económica para o ano, outra coisa é o debate sobre a sustentabilidade da segurança social. Isso é pensar além de 2023. Depende do cenário de 23, mas depende também do futuro".

O Presidente fez questão de referir o governador do Banco de Portugal e antigo ministro das Finanças. “O governador do Banco de Portugal tem tido e vai continuar a ter intervenções a dizer as previsões. É uma espécie de garante tradicional do rigor das previsões. Mas não é o governador do Banco de Portugal que faz o Orçamento do Estado. Já fez”, disse Marcelo, chamando Fernando Medina à responsabilidade: “Agora é importante que quem faz o Orçamento do Estado, antes ou depois de o governador fazer previsões, dizer em que base é que o Orçamento está a ser concebido”.

As próximas previsões do Banco de Portugal devem ser divulgadas em outubro, no boletim de outono.

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