Política

Montenegro acusa Costa de “já estar a matar” o próximo ministro da Saúde e diz que pacote de apoios do Governo “vem tarde, muito tarde”

O presidente do Partido Social Democrata (PSD), Luís Montenegro na sessão de encerramento da Universidade de Verão do partido em Castelo de Vide.
O presidente do Partido Social Democrata (PSD), Luís Montenegro na sessão de encerramento da Universidade de Verão do partido em Castelo de Vide.
NUNO VEIGA/LUSA

No encerramento da Universidade de verão do PSD, Luís Montenegro acusou o Governo de “passividade”, afirmando que o pacote de apoios para as famílias terá apenas uma “roupagem diferente” do programa de emergência social já anunciado pelo partido. Sobre a Saúde, o líder social-democrata acusou António Costa de estar a "matar já o próximo ministro", porque não tenciona mudar a política do sector

Montenegro acusa Costa de “já estar a matar” o próximo ministro da Saúde e diz que pacote de apoios do Governo “vem tarde, muito tarde”

Liliana Coelho

Jornalista

O líder do PSD, Luís Montenegro, considerou que o pacote de apoios do Governo para as famílias terá a “mesma base” do programa de emergência social já apresentado pelo partido e desafiou o primeiro-ministro a anunciar já medidas para as empresas, como a redução progressiva do IRC. Pelo meio, deixou ainda fortes críticas a António Costa pela situação da Saúde.

“Perante a passividade do Governo tivemos mesmo a ousadia de apresentar soluções. Amanhã o Governo dará uma roupagem às medidas, mas a base vai ser a mesma, não tenhamos dúvidas”, declarou o líder social-democrata durante o discurso de encerramento da 18.ª Universidade de Verão do PSD, que terminou este domingo em Castelo de Vide.

Segundo Montenegro, o pacote de medidas do Executivo - que será conhecido segunda-feira - peca por tardio, sublinhando que o PSD alerta desde maio para a necessidade de dar apoios às famílias e empresas face à crise inflacionista e energética. "Vem tarde, muito tarde e não devia vir tão tarde. E não foi por falta de aviso", critica, sublinhando o facto de as medidas estarem disponíveis só nos últimos três meses do ano.

O líder do PSD defendeu que na segunda-feira será demonstrada a “expressão da famosa habilidade do PS" e a “propaganda” socialista, ao anunciar o Governo um pacote robusto. “Será aquele show off, o Power Point a dizer que o alcance das medidas é maior do que as medidas que propusemos. Elas amanhã virão travestidas, não virão ipsis verbis como as propusemos. Sei que o Governo anda a reboque do PSD, mas não é tanto", ironizou.

E voltou a pedir ao primeiro-ministro para baixar o IVA da energia para 6%, medida que faz parte do programa de emergência social do PSD, ainda que “transitoriamente” porque é “agora que as pessoas precisam”.

Lamentando a intenção de o Governo adiar o anúncio das medidas de apoio para as empresas, Montenegro apelou ainda ao primeiro-ministro para anunciar já a redução progressiva do IRC: “Há condições para que o PS faça o que acordou connosco em 2014 e baixe o IRC. Dr. António Costa, não aguarde mais 15 dias e faça-o já amanhã”, desafiou.

"O problema não era, nem é da ministra da Saúde"

Sobre a Saúde, Montenegro acusou o primeiro-ministro de “arrogância” e de estar já a prejudicar de forma grave o próximo ministro da Saúde: “Vai mudar de ministra, mas a política é a mesma. António Costa já está a matar o próximo ministro ou ministra da Saúde porque vai aplicar a mesma receita".

Resultado? O estado de “caos” na Saúde vai continuar. "António Costa não tem a humildade de reconhecer que houve um projeto que faliu. Tem de mudar as políticas para obter outros resultados", insistiu.

Se não houver mudanças estruturais no sector, frisou, vai continuar a haver urgências fechadas, consultas adiadas ou intervenções cirúrgicas proteladas. “O problema não era, nem é da ministra, ela pode ter dado contribuições, mas o problema é do primeiro-ministro e do PS”, prosseguiu, acusando o PS de querer fechar o SNS na esfera estatal.

“O cidadão precisa de tratamentos e cuidados de saúde, independentemente de ser num hospital público, do sector social ou privado”, argumentou, apontando para os crescentes lucros do privado.

“O melhor amigo” da saúde privada é Costa, acusa

Afirmando que o PS acusa a direita de querer privatizar a saúde, Montenegro contrapôs, sublinhando que “nunca na nossa história o sector privado ganhou tanto” no país.“O melhor amigo da saúde privada em Portugal é o doutor António Costa.Quando governámos, a saúde pública estava melhor do que agora: Não aceitamos essa lição, esquerda e o PS fazem muito pior ao SNS, do que o PSD fez alguma vez”, reforçou.

O líder social-democrata falava após a demissão de Marta Temido e um dia antes de o Conselho de Ministros extraordinário dar luz verde a medidas de apoio às famílias face ao aumento da inflação. O pacote de apoios vai ser conhecido esta segunda-feira.

Recorde-se que o PSD antecipou-se ao Governo, com o líder social-democrata a anunciar um programa de emergência social na tradicional festa do Pontal, em Quarteira. Tal como o Expresso avançou, entre as propostas do PSD encontra-se a descida do IVA da energia para 6% (eletricidade, gás e combustíveis) pelo menos durante seis meses.

O pacote de emergência social inclui também a prorrogação imediata da redução no ISP (Imposto sobre Produtos Petrolíferos) e da suspensão da taxa de carbono até ao final do ano. E ainda as medidas anunciadas por Montenegro no passado dia 14 de agosto, como um vale de 40 euros por mês para pensionistas que recebem até 1097 euros mensais; um vale para trabalhadores com rendimento inferior a 1100 euros; aumento de 10 euros no abono de família e a redução do IRS no quarto, quinto e sexto escalões. Medidas que já foram criticadas pelo líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, em declarações à agência Lusa: “Caridadezinha e paternalismo”, atirou.

Na quinta-feira, o primeiro-ministro defendeu a necessidade de garantir às famílias e empresas “condições para enfrentar a situação” da inflação e crise energética, embora reconheça que “é dos fenómenos económicos mais difíceis de enfrentar”, agravado agora com a guerra na Ucrânia. Já o Presidente da República alertou para a “urgência” das medidas de apoio e para a necessidade de serem equilibradas, revistas mensalmente e concertadas a nível europeu.

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