“É imoral” o encaixe que o Estado está a ter com a subida dos preços via impostos, considera o presidente do CDS, Nuno Melo, classificando de “ganhos milionários” os montantes arrecadados via IVA “à conta da inflação e do sacrifício das famílias portuguesas”.
No discurso de encerramento da primeira escola de quadros dos centristas desde que o partido perdeu assento parlamentar nas eleições de 30 de janeiro deste ano, Nuno Melo entrou em jogo com propostas para limitar a inflação nos rendimentos dos cidadãos, à semelhança do que outros partidos, como o PSD, o PCP, e a Iniciativa Liberal (IL) já fizeram em antecipação ao pacote de medidas que será anunciado pelo Governo na segunda-feira.
Naquilo que classificou de “tempos de economia de guerra”, Nuno Melo escolheu como alvo o sector da distribuição. Uma das duas grandes medidas que o líder do CDS trouxe a terreiro foi a da criação de “uma entidade reguladora para o sector” agroalimentar, “que traga equilíbrio e justiça aos preços dos produtos, até agora esmagado nos mecanismos da relação entre produtores, intermediários e distribuidores”.
“Em Portugal praticam-se os preços mais baixos da União Europeia e os produtores desesperam para sobreviver e não fechar portas”, acrescentou.
A segunda segue a mesma linhado que já foi exigido pelos partidos à direita do arco parlamentar, mas vai mais longe: “Com a inflação dos bens alimentares a superar os 15%, desafiamos António Costa a reduzir o IVA dos produtos essenciais temporariamente à taxa zero".
“O Estado já angariou mais de 5 mil milhões de euros de receita extraordinária até Maio, necessariamente perversa, porque à conta da inflação e à custa do sacrifício absurdo dos contribuintes e das famílias portuguesas”
Entre várias críticas ao Governo, com alusões a casos controversos como a picardia partidária entre a ministra da Agricultura e a CAP e a crise dos despachos dos aeroportos que quase fez cair Pedro Nuno Santos, Nuno Melo criticou o “medo do poder do ministro dentro do PS e do grupo parlamentar” que fez com que o primeiro-ministro mantivesse o ministro das Infraestruturas no cargo.
"Termos hoje um governo de coligação de duas fações antagónicas do PS não é normal”, disse.
Nuno Melo vincou no discurso a posição do partido no que toca à manutenção da ministra da Saúde demissionária, Marta Temido, até à apresentação da lei que estabelece o novo cargo que tem sido chamado de “CEO do SNS”:
“Para o CDS não é aceitável que a substituição da ministra da Saúde não seja rápida e menos aceitável é que Marta Temido possa concluir o processo de apresentação em Conselho de Ministros do Diploma que regula a nova direção executiva do SNS”, disse.
“Há um antes e um depois de 30 de Janeiro de 2022, data das últimas eleições legislativas. Perder o grupo parlamentar significou perder a maior ferramenta de ação política do CDS, a maior parte dos recursos financeiros, e o essencial da exposição mediática. Mas estamos aqui”, disse, numa tarefa que considerou “dificílima” por ser um partido de oposição sem presença na Assembleia da República e sem os recursos financeiros destes.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: pcgarcia@expresso.impresa.pt
Assine e junte-se ao novo fórum de comentários
Conheça a opinião de outros assinantes do Expresso e as respostas dos nossos jornalistas. Exclusivo para assinantes