Primeiro, o primeiro-ministro disse que não ia comentar a polémica contratação de Sérgio Figueiredo, ex-diretor de informação da TVI, pelo ministro das Finanças, Fernando Medina para consultor: "Obviamente não comento as composições dos gabinetes dos membros do Governo. São livres de fazer contratações". Depois garantiu que as regras para contratações nos gabinetes do Governo são as mesmas "desde sempre". Mas depois, António Costa acabou por soltar uma frase que só responsabiliza Fernando Medina. "Compete-me gerir o meu gabinete, não giro os gabinetes dos outros membros do Governo", disse António Costa, questionado pelos jornalistas à margem da visita a uma creche na Amadora.
"Cada um deve procurar fazer o que lhe compete", prosseguiu Costa, que garante concentrar-se "no essencial". E o essencial são o que considera as principais preocupações dos portugueses no atual contexto. "Os cidadãos preocupam-se muito com o aumento do custo de vida e a incerteza que a guerra introduz e é nisto que estamos a trabalhar", garantiu o primeiro-ministro, remetendo mais uma vez para setembro mais medidas para dar resposta a essas preocupações.
Perante a insistência dos jornalistas sobre a contratação do ministério das Finanças, o chefe do Governo não desenvolveu o tema e repetiu os mesmos argumentos até à exaustão: "Cada membro do Governo tem direito a um gabinete, que contratam pessoas da sua confiança para desempenhar apoiar o exercício das suas funções. Eu também tenho várias pessoas no meu gabinete a colaborar comigo, desde a assessoria jurídica à assessoria económica, ou de comunicação", observou.
Questionado sobre se concordou com a contratação de Sérgio Figueiredo e se pode garantir que não houve uma "troca de favores" com Fernando Medina, o primeiro-ministro escusou-se a responder, apontando para os temas que quis destacar na visita à creche Luís Madureira, como a gratuidade das creches e aumento do abono de família. "Se houver dúvidas, as entidades competentes tratarão delas", afiançou.
Na terça-feira, os partidos foram unânimes a criticar a contratação de Sérgio Figueiredo como consultor para avaliar o impacto das políticas públicas junto do ministério das Finanças. Em causa estão eventuais conflitos de interesses visto que Fernando Medina foi comentador da TVI, na altura em que Sérgio Figueiredo era diretor de informação da estação de Queluz de Baixo.
Entretanto, o Governo defendeu ontem que "não há sobreposição" entre as funções de Sérgio Figueiredo e outros serviços do Estado. O secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, André Moz Caldas, disse, em conferência de imprensa, que o novo consultor não partilhará exatamente as mesmas tarefas do Centro de Competências de Planeamento, Políticas e Prospetiva da Administração Pública (PlanAPP).
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