Pedidos de demissão à direita, pedidos de esclarecimento a António Costa à esquerda, PS em silêncio. Ainda nem 24 horas passaram sobre o anúncio de Pedro Nuno Santos da solução para o novo aeroporto de Lisboa e já o despacho foi revogado pelo primeiro-ministro, abrindo uma crise política no Governo que, da esquerda à direita, é criticada de forma contundente: “inacreditável”, “de extrema gravidade”, “uma confusão geral”, “humilhação pública, “pântano político”.
O primeiro a falar diretamente dos Passos Perdidos, no Parlamento, foi Rui Rio, que fez provavelmente a última intervenção enquanto líder da oposição (o congresso do PSD que entroniza Luís Montenegro começa já esta sexta-feira). “É claro que o ministro não tem condições para estar no Governo”, sentenciou Rio, para quem, se tanto Pedro Nuno Santos como António Costa “assobiarem para o lado”, deve ser Marcelo Rebelo de Sousa a intervir. “Nesse caso [Pedro Nuno ficar], acho que o Presidente da República deveria forçar a demissão.” O que se passou foi “algo de quase inédito”, notou. E nem era preciso o ‘quase’: os constitucionalistas ouvidos pelo Expresso garantem que não há memória de um primeiro-ministro anular um despacho de um ministro.
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