Política

Marcelo gostou de ouvir Costa reconhecer problemas na saúde. “É um bom começo de conversa”

Marcelo gostou de ouvir Costa reconhecer problemas na saúde. “É um bom começo de conversa”
ANTÓNIO PEDRO SANTOS

Um elogio em forma de alerta: “Muitas vezes os governantes não veem a realidade”, disse Marcelo a propósito da crise nos hospitais. Mas Costa viu e admitiu falhas inaceitáveis e problemas estruturais. “Não é suficiente, mas é um começo de atitude positiva”

Não muda a situação, “não é suficiente”, mas o reconhecimento do primeiro-ministro de que o SNS atravessa problemas estruturais é, para Marcelo Rebelo de Sousa, um “bom começo de conversa”. “Uma atitude positiva”, disse Marcelo, embora o elogio possa ser lido também como aviso. “Muitas vezes os governantes não veem a realidade.”

O Presidente da República falava esta tarde à margem de uma visita ao Museu dos Coches, em Lisboa, quando foi questionado pelos jornalistas sobre os temas que marcam a atualidade. Sobre as recomendações da Direção-Geral da Saúde para o verão — “o pior que pode acontecer é adoecer ou ter acidentes em agosto” —, diz que “os responsáveis políticos podem recordar evidências”. Sobre a morte de uma criança em Setúbal, escusou-se a fazer comentários sobre “casos concretos, dolorosos”. E sobre o reforço do apoio ao cabaz alimentar, era “evidente que o Governo ia aprovar e ainda bem que o fez”. Mas é da situação nos hospitais que mais se fala por estes dias.

No debate desta quarta-feira no Parlamento, António Costa segurou a ministra da Saúde e chamou a si todas as responsabilidades. Elogiando o SNS, e o trabalho feito durante a pandemia, reconheceu perante a oposição que “não basta reforçar o SNS”, porque o problema “é estrutural”. Sobre as últimas semanas, “obviamente que não considero aceitáveis essas falhas de serviço”, reconheceu Costa.

Primeiro-ministro e Presidente da República estiveram reunidos, com a saúde na lista de temas em destaque, mas sobre essas conversas, Marcelo nada disse. Desejou apenas “maior sucesso” para as negociações entre Governo e sindicatos e voltou a lembrar as palavras de Costa na Assembleia da República. “Há coisas mais fundas [que a recente crise]. O próprio primeiro-ministro teve de admitir que há que alterar a gestão, reestruturar, melhorar vários aspetos.” Citando Costa, Marcelo reforça assim os avisos a Costa.

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