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Ucrânia. Psicóloga refugiada em Portugal: “Há crianças a ficar grisalhas” e terapeutas "mortos por dentro"

Suzanna Nakryiko, 35 anos, fotografada no estúdio do Expresso, participa num grupo que procura psicólogos para crianças violadas por soldados russos
Suzanna Nakryiko, 35 anos, fotografada no estúdio do Expresso, participa num grupo que procura psicólogos para crianças violadas por soldados russos
JOÃO CARLOS SANTOS

Suzanna Nakryiko, de 35 anos, psicoterapeuta ucraniana refugiada em Palmela, fala das consequências da guerra nas crianças, diz que há meninas de 12 a 14 anos violadas por soldados russos e conta como os psicólogos estão em "sofrimento", “mortos por dentro”, esmagados por estes traumas.

Ucrânia. Psicóloga refugiada em Portugal: “Há crianças a ficar grisalhas” e terapeutas "mortos por dentro"

Vítor Matos

Jornalista

Ucrânia. Psicóloga refugiada em Portugal: “Há crianças a ficar grisalhas” e terapeutas "mortos por dentro"

João Carlos Santos

Fotojornalista

As tropas russas na Ucrânia têm matado civis, destruído famílias e arruinado cidades, mas há uma dimensão que não se consegue ver ou tocar: a devastação das pessoas por dentro. As bombas, ataques aéreos, massacres, valas comuns e violações de mulheres e crianças fazem de muitos ucranianos ruínas de si próprios. Crianças que somatizam esses medos começam a ficar grisalhas, conta ao Expresso a psicóloga Suzanna Nakryiko, de 35 anos. Fugiu para Portugal com as duas filhas, mas continua as consultas online, mantendo contacto com uma rede de psicólogos, e ela própria não deixou de fazer terapia.

A obliteração interior chegou aos próprios profissionais: “Depois de ouvir cinco pacientes, o meu terapeuta estava a chorar e a contar: ‘Estou morto por dentro, esmagado por esta dor. Que devo fazer? Como posso trabalhar outra vez depois disto?’”, recorda Suzanna. “É insuportável, mesmo para os terapeutas, que devem estar treinados para gerir e lidar com a dor psicológica, mas somos todos humanos...”

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: JCSantos@expresso.impresa.pt

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