Política

Medina cede a Marcelo e aprova as promoções dos militares

Marcelo Rebelo de Sousa cumprimenta militares durante uma visita à Companhia de Fuzileiros Independente – EUTM, em Katembe, Moçambique
Marcelo Rebelo de Sousa cumprimenta militares durante uma visita à Companhia de Fuzileiros Independente – EUTM, em Katembe, Moçambique
JOSÉ COELHO

O Presidente da República disse que a troika ainda estava nas Forças Armadas e o ministro das Finanças ouviu: Fernando Medina publica um despacho esta sexta-feira que aprova e 'destroika' as promoções que só seriam viabilizadas no final do ano

Medina cede a Marcelo e aprova as promoções dos militares

Vítor Matos

Jornalista

Se o Presidente da República queria sensibilizar o ministro das Finanças para os problemas na Defesa Nacional - como o Expresso escreve na edição impressa desta sexta-feira - o sinal de que há uma mudança está dado: Marcelo Rebelo de Sousa apontou o atraso nas promoções dos militares como um resquício dos tempos da troika, Fernando Medina ouviu e aprovou um despacho esta sexta-feira que aprova as promoções que são automáticas e que não dependem dos conselhos dos ramos.

Desde os tempos do Governo PSD-CDS que as promoções dos militares passaram a estar relegadas para os últimos dias de dezembro, porque assim o Governo poupava algum dinheiro: ao contrário do que acontecia antes da troika, os militares promovidos depois da data em que a promoção lhes era devida passaram a não receber retroativos.

Assim, os Governos do PS mantiveram a prática ao longo de seis anos, para poupar algum dinheiro em salários (que agora Fernando Medina não considerou essencial). Para Marcelo Rebelo de Sousa, acabar com esta prática era uma forma de dar um sinal de motivação aos militares.

Esta quarta-feira, quando explicou o seu discurso do 25 de Abril, em declarações aos jornalistas, o Presidente disse que “o mais importante nas Forças Armadas são as pessoas, que têm de ser motivadas”, o que “significa, para os que estão no Quadro Permanente, condições apelativas para lá continuarem”.

Para Belém, um dos pontos que geram mais desmotivação nos Quadros Permanentes tem a ver com as promoções, que deviam ocorrer durante o ano. Esta foi uma das medidas em que António Costa não virou a página da austeridade e Marcelo deu-lhe a estocada: “Se as promoções por sistema chegam com um ano de atraso - com a troika foi assim -, se continuamos a viver em troika em termos de promoções, pensa-se duas vezes antes de se entrar nas Forças Armadas”. E entra-se noutro corpo do Estado.

Com esta decisão, Fernando Medina deu um passo para mostrar a boa vontade do Governo. António Costa anunciou, no debate do Orçamento, um quadro de praças para algumas funções. Resta agora saber até onde irá o Executivo no que respeita à Defesa no próximo orçamento.

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