André Ventura foi reeleito este sábado presidente do Chega com 94,78% dos votos. Na primeira vez que contou com adversário, o presidente do partido populista viu a sua confiança renovada, enquanto Carlos Natal obteve 5,22% dos votos.
Ventura disse que os militantes confirmaram hoje que é para manter a estratégia e prometeu que o Chega "não se vai deixar condicionar por apelos de moderação", nem aceitará "vergar-se" à cultura de esquerda e extrema-esquerda. "Esta votação não deixa margem para dúvidas, os portugueses que em nós acreditam não querem moderação neste partido, os portugueses que em nós votaram não querem mudança de rumo", declarou num discurso de 15 minutos na sede do Chega, em Lisboa.
Dirigindo-se ao PSD e CDS-PP, considerou que o seu partido deu hoje um "exemplo" à direita, "sem medo de ir a votos", "sem medo de assumir as suas disputas internas. "Assim toda a direita compreendesse que não podemos pedir legitimidade externa sem ter antes legitimidade interna", atirou.
Para o seu opositor, o empresário Carlos Natal e ex-candidato à CM Portimão – que disse em declarações ao Expresso que "o Chega está capturado pelo sistema"– e outros críticos internos, Ventura deixou também recados, afirmando esperar que "aqueles que ao longo de meses apostaram no boicote" e na "instabilidade" percebam a vontade da maioria do partido."Aqueles que apostavam tudo numa cedência ao PSD, ou aqueles outros partidos de direita, que entendiam que podiam a partir de dentro do Chega fazer mudanças na sua estrutura ou boicotar o seu trabalho levaram hoje uma resposta extraordinariamente eficaz", disse.
E apelou ainda à unidade interna, a cerca de três meses das eleições legislativas: "Passado este clima interno, que sempre gera divisão, apelo ao partido inteiro que entenda o momento histórico que temos pela frente. Temos na nossa mão a possibilidade de fazer história, provocando a maior alteração de sempre no sistema político português. Todos os analistas apostam num crescimento inédito do Chega. Não sejamos nós a boicotar esse crescimento", disse perentório.
Segundo o presidente da Mesa do Congresso, Jorge Valsassina Galveias, dos cerca de 40 mil militantes do Chega, apenas 20 mil "se encontram aptos para votar", sendo que nas eleições para presidente do partido votaram só "perto de quatro mil".
A eleição deste sábado aconteceu após a demissão de André Ventura da liderança do partido, na sequência da decisão do Tribunal Constitucional (TC), que considerou ilegais as alterações dos estatutos do Chega no Congresso de Évora, em setembro de 2020.
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