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Rui Rio acelera para diretas, equipa de Moedas quer outro líder

Na madrugada de domingo, Rui Rio foi celebrar com Moedas. Ficou na plateia
Na madrugada de domingo, Rui Rio foi celebrar com Moedas. Ficou na plateia
Pedro Nunes

Rangel ganha tempo, Rio acelera prazos, Moedas distancia-se. É hora de contar espingardas

Rui Rio acelera para diretas, equipa de Moedas quer outro líder

Rita Dinis

Jornalista

Afinal, estava escrito nas estrelas. “Não vou ser balão de oxigénio de ninguém”, disse Carlos Moedas na primeira entrevista que deu, ao Expresso, depois de ter sido anunciado como o trunfo do PSD para a Câmara de Lisboa. A história acabaria como começou: Carlos Moedas ganhou e carimbou a vitória inegável e indesmentível do PSD, mas, posto isto, os seus apoiantes distanciaram-se. Rio está a “apropriar-se”, “aquela vitória é de Carlos Moedas, não é partilhável”, disse na SIC Miguel Morgado, um dos nomes mencionados por Moedas como seu estratego. Leitão Amaro, outro dos mencionados, disse o mesmo e acrescentou: só se repete a vitória de Lisboa com um líder que não seja “muleta”. João Marques de Almeida diria o mesmo no “Observador”: “Muitos no PSD e na direita deveriam aprender a lição.” O discurso está concertado. A vitória de Moedas baralhou tudo e obrigou as peças a reposicio­narem-se: Rui Rio acelerou o calendário para capitalizar e Paulo Rangel deu um passo atrás para afinar narrativa. É preciso contar tropas.

A ideia de que o PS hegemónico pode ser derrotado passou a ser o maior trunfo de Rui Rio para ganhar o PSD. Moe­das tinha feito o seu papel, mas não sozinho. Até porque o argumento do núcleo duro de Rio é de que não foi só Moedas que ganhou a câmara por pouco, foi Fernando Medina que a perdeu por muito — e para isso também contribuiu o ataque que Rio andou a fazer a Costa durante a campanha. Mas quando, na noite eleitoral, Moedas disse que tinha ganho “contra tudo e contra todos”, o Expresso sabe que o recado era sobretudo para o PSD de Rio, que faltou em meios, em orçamento, em empenho e até presencialmente na reta final da campanha — quem esteve no último grande comício na antiga FIL foi Paulo Rangel, Nuno Morais Sarmento, Paulo Portas e Marques Mendes. “Moedas desinsuflou Rio na noite eleitoral”, ouve o Expresso de uma fonte distrital que acredita que Carlos Moedas vai passar a ter, a partir de agora, uma “influência brutal” junto dos militantes. E são eles que contam na hora de escolher o próximo líder do PSD. Não é certo se Moedas vai ter uma palavra a dizer na disputa interna ou se vai ficar equidistante, mas nos bastidores todos concordam: o trunfo de Rio para as autárquicas não deve muito a Rio.

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