"Naturalmente, o senhor vice-almirante Gouveia e Melo tem todas as condições para assumir essas responsabilidades", afirmou o secretário-geral do PCP. Os comunistas avalizam, assim, a escolha para a chefia do Estado Maior da Armada, mas sublinham que "não se entende ainda" os motivos que levaram o Governo à não recondução do anterior chefe militar daquele Ramo das Forças Armadas.
À margem de uma conferência de Imprensa para divulgar as conclusões do comité central do PCP, convocado para analisar o resultado das autárquicas, Jerónimo de Sousa aceitou responder a questões sobre outras matérias. As mudanças no comando da Armada foi uma delas. Os comunistas dão luz verde à escolha do Governo.
Mais tarde e através de um comunicado, o PCP reagiu a esta escolha, assim como aos avisos feitos pelo Presidente da República de que é a ele, enquanto comandante supremo das Forças Armadas, que compete a escolha dos chefes militares. "A questão não está na indicação do vice-almirante Gouveia e Melo – um dos vice-almirantes possíveis para ocupar o cargo, mas nas razões que terão determinado a exoneração do atual CEMA, reconduzido no cargo há poucos meses", sublinham os comunistas. Já as declarações de Marcelo Rebelo de Sousa " tornam evidente que, além do mais, não foi cuidada a dignidade do almirante CEMA, aspeto que se considera inadmissível".
O PCP defende ainda que a atual polémica resulta das alterações feitas, por acordo entre PS, PSD e CDS, à lei da Defesa Nacional e promulgadas pelo Presidente da República. Os comunistas tinham avisado de que a entrada em vigor das novas regras iriam introduzir "um novo fator de perturbação no funcionamento da estrutura superior das Forças Armadas". Em concreto, dizem, "a concentração de decisões num único chefe militar, nomeadamente através da passagem do Conselho de Chefes do Estado-Maior de órgão deliberativo a órgão de consulta do CEMGFA, resulta na consequente subalternização formal dos chefes do Estado-Maior dos ramos em decisões relativas a matérias militares estruturantes".
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