Política

CDU fala em "quadro de grande dificuldade" e Jerónimo regressa a Almada

CDU fala em "quadro de grande dificuldade" e Jerónimo regressa a Almada
PEDRO NUNES

Em Évora e, depois no Seixal, o líder comunista mostrou-se confiante numa vitória capaz de manter os dois concelhos na alçada da CDU. Mas, Jerónimo alerta para o "quadro de grande dificuldade e de preconceito instalado e alargado" que dificultam a campanha. Talvez por isso, vai regressar a Almada. Seis dias depois, vai voltar a apoiar Dores Meira, num comício com direito a título e tudo: "levar Almada à vitória"

CDU fala em "quadro de grande dificuldade" e Jerónimo regressa a Almada

Pedro Nunes

Fotojornalista

A agenda da campanha eleitoral do secretário geral comunista ficou praticamente fechada, há mais de duas semanas. Todas as deslocações de Norte a Sul do País estavam previstas com antecedência, como, aliás, é hábito na organização comunista. Mas, desta vez foram todas, menos o último dia de campanha que, esperou até quinta-feira à tarde para ser divulgada. Pela primeira vez, não haverá arruada no Chiado a marcar o percurso final da campanha eleitoral e foi encaixado no trajeto de Jerónimo de Sousa uma passagem por Almada.

Pouco importa que o líder comunista tenha lá estado, logo no arranque do último fim de semana, a dizer que "aquilo que era um objetivo" se tinha "transformado numa real oportunidade" e que a reconquista da Câmara era possível. Os tempos de combate com o PS assim o exigem, com um reforço de meios de ataque pelo lado socialista e, por isso, esta sexta feira à tarde, Jerónimo vai voltar para um novo comício - agora na Filarmónica Almadense - que tem até direito a título: "levar Almada à vitória". As cartas comunistas são aqui todas postas na mesa.

Jerónimo volta ao bastião perdido há quatro anos, depois de uma semana pelos concelhos do Ribatejo, Alentejo e da margem Sul, onde a CDU mantém a chama autárquica acesa. Mostrou "confiança" em quase todos os pontos de paragem, mas fez questão sempre de marcar as dificuldades do caminho e sublinhar as "calúnias", "mentiras" e "maledicência" de que têm sido alvo os comunistas. O caminho não está fácil e o resultado da noite eleitoral, teme-se que vá pelo mesmo caminho. Cautelas e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguem e é preciso ir preparando o terreno.

Esta quinta-feira à noite, na Amora, depois de ter saído de Évora confiante "num grande resultado no domingo", Jerónimo ouviu o atual autarca e (recandidato) ao Seixal prever a possibilidade de "ganhar a Câmara, a Assembleia Municipal e todas as juntas de freguesias (uma delas, atualmente do PS". Mas, o líder do PCP, preferiu por água na fervura de quaisquer entusiasmos. O parque do Seixal estava composto de militantes para assistir ao último comício da noite e o líder do PCP até gostou dessa "massiva participação", mas fez questão de sublinhar: "o que nós andamos para aqui chegar, o que tivemos de vencer de preconceitos e constrangimentos".

Os melhores ambientes podem ser enganadores e mesmo sendo "tão bom ver tanta gente", Jerónimo não deixa de sentir estar perante um inimigo invisível e que não identifica. Falou em "tanta ofensiva, tanta mentira" no início do discurso e terminou com a certeza de que há "um quadro de grandes dificuldades e preconceitos instalados e alargados" que torna difícil e imprevisível o caminho da campanha.

"Já estamos habituados, já sabemos que a nossa luta vai continuar, que ela é dura, mas nós somos muito resistentes", tinha dito, minutos antes, Joaquim Santos, o anfitrião do Seixal. O líder encerrou a noite com um hino à resistência: "as causas nunca morrem, enquanto existir quem as defenda". Mas ainda é cedo para encerrar o combate.

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