Está formalmente fechado o acordo entre o Livre e o Partido Socialista. Rui Tavares desiste da candidatura para integrar a coligação e ficará com o pelouro da Cultura, Conhecimento, Ciência e Direitos Humanos
Após longas negociações, PS e Livre chegaram nos últimos dias a consenso para uma coligação eleitoral em Lisboa. Mas só no sábado à noite é que o acordo ficou fechado. Depois de há quatro anos, o partido de Rui Tavares ter integrado como independente as listas do Partido Socialista, agora fará parte da coligação “Mais Lisboa” (PS.L) na corrida à autarquia, avançou ao Expresso Pedro Mendonça membro da direção do Livre e porta-voz do Grupo de Contacto.
Trata-se de um acordo de coligação formal, que prevê a inclusão do símbolo do Livre nos boletins de voto e um lugar na vereação. O Livre fica com o pelouro da Cultura, Conhecimento, Ciência e Direitos Humanos na Câmara Municipal de Lisboa (CML) e a presidência da Comissão de Ambiente na Assembleia Municipal, segundo o acordado entre os dois partidos. Rui Tavares, eleito em junho candidato à presidência da CML nas primárias do Livre, desistirá assim da sua candidatura para entrar na lista da vereação de Fernando Medina.
"O presente Acordo de Coligação entre o Partido Socialista e o Livre para as eleições autárquicas de 2021 tem por base a análise coincidente dos desafios da cidade nos próximos anos e a convicção que apenas uma governação progressista e verde, assente no Novo Pacto Verde para Lisboa lhes pode fazer frente. Este é um projeto político agregador e aberto a todos os lisboetas, ancorado à esquerda e baseado nos princípios da liberdade, igualdade, sustentabilidade e do internacionalismo", pode ler-se no documento a que o Expresso teve acesso.
Na área dos Direitos Humanos, o PS acedeu às duas exigências do Livre – após o caso do envio de dados de ativistas para a Rússia – que passam pela criação de uma Provedoria dos Direitos Humanos e a adesão da cidade de Lisboa à Rede Internacional de Cidades de Refúgio (ICORN), dando abrigo aos "defensores da democracia" por todo o mundo.
De acordo com o Livre, a possibilidade de ficar com pelouro responsável pelas áreas da Cultura, Conhecimento, Ciência e Direitos Humanos, permitirá também intensificar o apoio à formação e qualificação dos munícipes, nomeadamente através de uma "universidade da cidade", em cooperação com as instituições do Ensino Superior, que disponibilize cursos livres, seminários e palestras destinados ao público geral, assim como a criação de um instituto de estudos avançados de Lisboa.
Habitação e ambiente entre as prioridades
"Nos últimos quatro anos, o Partido Socialista trabalhou juntamente com o Livre, o Lisboa É Muita Gente e os Cidadãos por Lisboa para melhorar a qualidade de vida e o ambiente na cidade, para combater exclusões e defender direitos, para dar força à economia e para afirmar Lisboa como uma cidade global, com uma governação aberta, participada e descentralizada. Mas reconhecemos também os muitos desafios que Lisboa tem pela frente", sublinha ainda o documento.
Na habitação, define-se o objetivo de ter 30% de habitação pública e habitação fora do mercado especulativo. Uma meta que poderá ser alcançada através de um "programa de cooperativas de habitação e a consagração no PDM da quota de 25% da renda acessível em novos empreendimento". Já na área ambiental, prevê-se a promoção da realização e divulgação de um estudo sobre o impacto do aeroporto na cidade de Lisboa, assim como o apoio à instalação de isolamento térmico e equipamentos de geração de energia, nas habitações e edifícios.
"O longo caminho que há a fazer na habitação para garantir que Lisboa é uma cidade onde todos podem viver. A urgência da transição energética e do abandono de uma sociedade do consumo rápido e desenfreado. Importa, pois, construir uma cidade mais comprometida com as agendas transformadoras; as agendas de futuro; as agendas da nova governança, para uma Lisboa mais igualitária, mais democrática e mais verde", reforça.
Para a corrida a Lisboa já foram anunciados os nomes de Fernando Medina (PS), Carlos Moedas (coligação PSD/CDS-PP/PPM/MPT/Aliança), João Ferreira (CDU), Bruno Horta Soares (IL), Nuno Graciano (Chega), Beatriz Gomes Dias (BE), Manuela Gonzaga (PAN), e Tiago Matos Gomes (Volt).
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