
São cada vez menos os que rejeitam formas não democráticas de governo, como as autocracias. Estudo revela ainda que os portugueses estão entre os mais desconfiados da Europa
São cada vez menos os que rejeitam formas não democráticas de governo, como as autocracias. Estudo revela ainda que os portugueses estão entre os mais desconfiados da Europa
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Os portugueses rejeitam cada vez menos um líder autoritário que não responda perante o Parlamento ou o voto popular. Esse indicador tem vindo a descer desde 1999, ano em que metade considerava ‘mau’ ou ‘muito mau’ ser governado por um líder deste tipo. Em 2008 eram 41% os que avaliavam negativamente este perfil e no ano passado a percentagem era ainda mais baixa: 37%. O recuo na rejeição de formas não democráticas de governação também se verifica quando os portugueses equacionam cenários como a tomada de decisões por especialistas, que não são eleitos, e não por governantes (em 1999 eram 40%, agora são 28% os que avaliam negativamente esta possibilidade) ou um regime militar (em 2020 eram 66% os que rejeitavam este cenário face aos 75% de 1999).
De acordo com o estudo “Os valores dos portugueses”, conduzido pelos investigadores Alice Ramos e Pedro Magalhães, do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, a maior disponibilidade dos portugueses para regimes autoritários, tecnocráticos ou militares coexiste, por outro lado, com uma avaliação crescentemente positiva da democracia. Quase nove em cada dez dos inquiridos afirmam que ‘ter um sistema político democrático’ é uma maneira boa ou mesmo muito boa de governar o país. A hipótese avançada pelos investigadores para este desencontro entre a adesão robusta à democracia e o recuo da rejeição de formas não democráticas de governação é existir uma definição imperfeita de democracia entre os inquiridos. O estudo da Fundação Calouste Gulbenkian, da Fundação La Caixa e da Fundação para a Ciência e a Tecnologia, é um retrato nacional feito a partir da quinta edição do European Values Study, realizada entre 2017 e 2020 num total de 34 países.
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