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Fragata “Vasco da Gama” está em risco. Marinha à beira da “catástrofe”, só com uma fragata no mar

Há quatro anos parada no Alfeite, a fragata ”Vasco da Gama” tem fornecido peças a outros navios: quanto mais tempo passa, mais cara e difícil será a recuperação
Há quatro anos parada no Alfeite, a fragata ”Vasco da Gama” tem fornecido peças a outros navios: quanto mais tempo passa, mais cara e difícil será a recuperação
José caria

Só uma das cinco fragatas da Marinha de Guerra portuguesa está a navegar e a “Vasco da Gama” custará a recuperar de quatro anos parada à espera de reparação, a perder equipamentos para outras unidades. Um relatório da Armada reclama manutenções “urgentes” para os navios e ex-chefes criticam a “situação desastrosa” do ramo, que em 10 anos perdeu cerca de 30% da atividade operacional

Fragata “Vasco da Gama” está em risco. Marinha à beira da “catástrofe”, só com uma fragata no mar

Vítor Matos

Jornalista

Os problemas de manutenção dos navios da Marinha são tão críticos que antigos chefes do Estado-Maior da Armada descrevem a situação ao Expresso como “desastrosa” ou até “catástrofe”. A fragata “Vasco da Gama”, que foi a joia da coroa da Marinha de Guerra portuguesa, está há cerca de quatro anos parada no Arsenal do Alfeite à espera de entrar em reparação e, quanto mais tempo passa, mais difícil a recuperação se torna: vários equipamentos têm sido canibalizados como sobressalentes para outros navios, apurou o Expresso, de modo a garantir a sua operacionalidade. Neste momento, das cinco fragatas portuguesas, a “Álvares Cabral” é a única operacional. Enquanto a “Côrte-Real” está em manutenção para iniciar uma nova missão da NATO em agosto, as outras duas estão em modernização na Holanda: a fragata “D. Francisco de Almeida” numa fase mais adiantada, mas a “Bartolomeu Dias” foi abalroada no estaleiro, por um rebocador, em março, pelo que a entrega deverá atrasar.

Mesmo os quatro novíssimos Navios Patrulhas Oceânicos -— conhecidos por “patrulhões” ou NPO —, começam a ter problemas no planeamento das manutenções preventivas, que mais tarde se tornam urgentes: o “Setúbal” está em missão no Golfo da Guiné; o “Viana do Castelo” permanece numa reparação com grandes atrasos; e, dos dois restantes, um já devia ter entrado em manutenção. Até a compra de mais navios desta classe está a derrapar: segundo o relatório de execução da Lei de Programação Militar, o ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, já tinha preparado, em outubro, um projeto de resolução para iniciar o processo de construção de mais seis “patrulhões” até 2030, mas ainda não há luz verde das Finanças. No mesmo relatório, a própria Defesa classifica o “tempo de aprovação” como um dos “riscos associados ao projeto”, que pode comprometer a entrega do primeiro navio em 2023.

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