Política

Deputado do BE nega acusação de violência doméstica e diz que foi ele a “vítima de agressões sucessivas”

Deputado do BE nega acusação de violência doméstica e diz que foi ele a “vítima de agressões sucessivas”
ESTELA SILVA

Deputado e candidato à Câmara de Gaia, Luís Monteiro é acusado por uma ex-namorada de a ter agredido e deixado o corpo marcado de alto a baixo, falando mesmo de uma "quase morte”. Deputado nega tudo. Partido guarda silêncio

Irrompeu com estrondo uma acusação de violência doméstica sobre Luís Monteiro, deputado do Bloco de Esquerda e candidato do partido à Câmara Municipal de Gaia nas próximas autárquicas. No Twitter, Catarina Alves conta que protegeu o nome do “agressor para não perder amigos”. Não mais: “Que grande burra. Homens ficam do lado de homens sempre.”

Na sequência da mesma publicação, Catarina Alves adianta outros detalhes, de dois espaços-tempo. O primeiro é o da agressão que diz ter sofrido e que lhe terá deixado marcas de corpo inteiro. “As lágrimas são só por não ter entrado na esquadra no dia em que fiquei à frente dela com o corpo marcado de cima abaixo, acaba de escapar duma quase morte” (sic).

O segundo é o das reações que se seguiram à partilha da história: “Não acho que [seja] possível inventarem mais rumores ou insultos do que os que já criaram naquele nucleozinho” ou “já estou a ser alvo de tantos ataques e já estão a ser ditas tantas coisas sobre mim neste momento, por antigas amigas e tudo”.

A história, aliás, não demorou muito a espalhar-se nas redes sociais e fora delas, levando Luís Monteiro a reagir já noite dentro, em comunicado. Admitindo ter tido uma relação amorosa com Catarina Alves há mais de cinco anos, o deputado nega que a tenha agredido. “Nunca agredi a mulher em causa, que foi minha namorada de Fevereiro a Outubro de 2015, e nunca agredi qualquer mulher. Condeno qualquer acto de violência mas sobretudo este tipo de violência.”

Mas Luís Monteiro vai mais longe e devolve as acusações, garantindo ter testemunhas das “agressões sucessivas, violência verbal, ameaças” a que diz ter sido sujeito pela denunciante e que “jamais” o estaria a contar “se não fosse obrigado”. Alega ainda que existem relatos semelhantes de outros homens em relação à mesma mulher.

Lamento profundamente tudo o que está a acontecer; pelos meus camaradas, pela Catarina Alves e porque admito que seja um problema que não domina, por mim, por todas as mulheres que estão a viver processos de exposição dolorosos que não deveriam ser misturados com este.”

Sobre a posição política em que fica o deputado e candidato autárquico, o Bloco mantém o silêncio. Luís Monteiro escreve que continua a acreditar que, “em situações como esta, o princípio da presunção da inocência deve ser relevado em prol da vítima. É verdade que quase sempre a vítima é uma mulher, mas comigo não foi assim”.

O combate à violência doméstica é uma das bandeiras do Bloco de Esquerda, destacada recentemente por Catarina Martins, durante as celebrações dos 22 anos da criação do partido, a 27 de fevereiro.

Em 2019, quando o partido propunha alterações legislativas sobre o tema, a coordenadora do Bloco afirmava que não se podia “continuar a fechar os olhos às decisões contraditórias dos tribunais, às sentenças que desvalorizam as agressões, até a uma certa legitimação dos agressores que surge por vezes e à nossa incapacidade de proteger quem até já pediu ajuda”.

Também recentemente, no Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, a 25 de novembro, a coordenadora do partido lembrou que esse combate “está inscrito na lei, mas a violência permanece” “Falta a prevenção e falha muitas vezes a proteção das vítimas. Desde 2000, por iniciativa do Bloco, a violência doméstica é crime público”, acrescentou.

Nesse mesmo dia, o próprio Luís Monteiro participou numa marcha organizada pelo Bloco em defesa dos direitos femininos, facto que deixou igualmente registado nas redes sociais.

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