Portugal envia 60 militares para Moçambique após ataque em Palma
Dezenas de pessoas morreram e um português ficou ferido no último ataque
Dezenas de pessoas morreram e um português ficou ferido no último ataque
Jornalista
Coordenadora de Multimédia
O Governo português vai enviar cerca de 60 militares para reforçar a ajuda na formação das forças especiais moçambicanas. A informação foi confirmada ao Expresso pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros esta segunda-feira, dias após o ataque à vila de Palma, no extremo norte de Moçambique, em que dezenas de pessoas morreram e um português ficou ferido.
“Está em planeamento o reforço da cooperação técnico-militar bilateral com Moçambique, no quadro do qual cerca de 60 militares portugueses vão contribuir para a formação de forças especiais moçambicanas”, pode ler-se na resposta enviada ao Expresso. “No quadro da União Europeia, na sequência da missão política realizada em janeiro passado e liderada pelo MNE português, decorrem os trabalhos de preparação do incremento da cooperação europeia na dimensão da segurança, possivelmente através quer de apoio em equipamento, quer de apoio em formação”, acrescenta a nota.
O Ministério tutelado por Augusto Santos Silva refere também que o português que ficou ferido no ataque de quarta-feira está a receber “tratamento hospitalar em Joanesburgo, na África do Sul”, e que o Executivo está a acompanhar o caso.
O MNE confirma ainda que o consulado-geral de Maputo está a acompanhar a situação e a prestar o apoio necessário aos portugueses na região “mais fustigada pelos ataques terroristas”, com o “objetivo de contactar sistematicamente todos os nossos concidadãos e de lhes prover o apoio consular, assim como de procurar obter todas as informações possíveis sobre a situação em Palma”, que continua com problemas de comunicações.
Na passada quarta-feira, um grupo de insurgentes atacou a vila de Palma – entretanto, esta segunda-feira, o Daesh reivindicou o ataque –, matando e ferindo dezenas de pessoas. Não existem relatos sobre a situação na vila há vários dias e a capital provincial de Cabo Delgado, Pemba, tem sido destino de muitos deslocados.
Palma, que tem 42 mil habitantes, acolhe os grandes projetos de gás do norte de Moçambique. Há mais de três anos e meio que a região é frequentemente atacada por grupos insurgentes jiadistas.
O envio de militares para formar as forças especiais moçambicanas não é um plano novo e em fevereiro, questionado pelos jornalistas, o ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, falava em “desenvolvimentos quotidianos”. “As Forças Armadas portuguesas e moçambicanas estão a trabalhar no desenho da parte que lhes toca para que, em breve – esperemos que durante o mês de abril –, possa começar no terreno o trabalho de formação”, precisou. Tratar-se-á de “uma missão de formação de comandos e fuzileiros, portanto tropas especiais moçambicanas”, “para que as Forças Armadas e de Defesa de Moçambique tenham todas as características necessárias para o desempenho da soberania no seu próprio país”.
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