Rui Barreira abandonou o órgão de direção alargada (Comissão Política Nacional) e só deu conhecimento a Francisco Rodrigues dos Santos. Líder dos democratas-cristãos escondeu a situação do seu próprio núcleo duro. Rui Barreira é advogado de César de Paço, polémico financiador do Chega, que foi cônsul honorário de Portugal na Flórida
Quase ninguém terá dado por isso, mas, ainda antes da vaga de demissões das últimas duas semanas, já tinha havido uma baixa nos vogais da direção alargada do CDS. Há dois meses, apurou o Expresso, Rui Barreira, um dos advogados do controverso César de Paço (financiador do Chega), comunicou ao presidente do partido que estava de saída.
Barreira terá alegado cansaço em relação à vida partidária e pediu discrição a Francisco Rodrigues dos Santos. O líder dos democratas-cristãos cumpriu à risca. A demissão nunca foi tornada pública e nem sequer foi comunicada formalmente aos restantes membros da Comissão Política Nacional, confirmou o Expresso junto de várias fontes.
O encobrimento tinha como objetivo não fragilizar o partido junto da opinião pública, mas acabou por gerar incómodo no próprio núcleo duro de Rodrigues dos Santos. Alguns dirigentes contactados pelo Expresso manifestaram até surpresa pelo sucedido quando colocados perante a pergunta sobre a demissão.
Mais: o nome de Rui Barreira só desapareceu da lista dos membros da Comissão Política Nacional nos últimos dias, quando o CDS foi 'obrigado' a atualizar a composição dos seus órgãos nacionais por força das várias demissões que têm sido conhecidas.
Ora, segundo apurou o Expresso, o democrata-cristão - também sócio do vice-presidente do PSD André Coelho Lima num escritório de advogados - ter-se-á afastado também da distrital de Braga, na qual era vogal da direção encabeçada por Nuno Melo.
À hora da publicação deste artigo, o Expresso aguardava pelos esclarecimentos solicitados a Rodrigues dos Santos. Já Rui Barreira recusou tecer quaisquer comentários sobre a sua demissão.
Recentemente, o advogado teve sobre si os holofotes mediáticos devido às alegadas ligações entre o empresário César de Paço e o Chega, bem como a Fernando Madureira, líder dos Super Dragões. Além disso, o financiador do partido liderado por André Ventura, antigo cônsul honorário de Portugal na Flórida, chegou a ser acusado de crimes de furto qualificado e fuga, mas o caso acabou arquivado.
De Paço quis ver a sua página na Wikipédia expurgada desses episódios e Rui Barreira defendeu que o seu cliente estava "a ser vítima de uma cabala, na tentativa de o fazer figurar como uma pessoa criminosa".
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