Agora é uma negação formal. Depois de André Coelho Lima e Nuno Morais Sarmento, vice-presidentes do partido, terem afastado qualquer acordo de âmbito nacional com o Chega, o PSD emitiu um comunicado em que desmente categoricamente qualquer entendimento mais amplo. A nota da Comissão Permanente de Rui Rio frisa que as condições impostas pela força liderada por André Ventura para viabilizar o Governo Regional "em nada ferem a matriz social-democrata do PSD".
Os "quatro objetivos" pelos quais Ventura se bateu - a redução do número de deputados regionais, a criação de um Gabinete Regional de Luta Contra a Corrupção, a diminuição da "elevadíssima subsidiodependência" no arquipélago e o "aprofundamento da autonomia política no quadro do Estatuto Político-Administrativo dos Açores e da Constituição da República" - são, aliás, "quatro aspetos" que "um Governo liderado pelo PSD deve naturalmente prosseguir na sua governação regional". "Mal fora que não o fizesse apenas porque o Chega também o defende", pode ler-se na nota do órgão mais restrito de direção do PSD.
Por outro lado, a Comissão Permanente reconhece que "os objetivos consensualizados" entre o PSD-Açores, chefiado por José Manuel Bolieiro, e a Iniciativa Liberal vão ao encontro daquilo que os sociais-democratas pretendem para a região, pois visam "diminuir o peso do Estado na sociedade e na economia", fazer "crescer o PIB regional", "reduzir o fosso que separa os Açores do resto do país e da média da União Europeia", "combater a pobreza", "diminuir a dependência do exterior" e "reduzir a dívida pública açoriana".
Ainda assim, num dos pontos do comunicado, a Comissão Permanente "volta a afirmar que não há nenhum acordo nacional" com o Chega ou com a Iniciativa Liberal, "assim como também não o há com os próprios partidos que sustentam a coligação regional açoriana", ou seja, CDS e PPM.
Seja como for, o acordo tripartido - a que o núcleo duro de Rio chama "nova Aliança Democrática" - colhe todo "o apoio institucional e político" da direção nacional, uma vez que "materializa o fim de uma hegemonia governativa socialista de 24 longos anos, que fica negativamente marcada por tiques de autoritarismo e fenómenos de nepotismo". A rematar, a Comissão Permanente pede a Bolieiro que prossiga "com força e convicção" a mudança nos Açores, que, "a exemplo do que se passa em Portugal continental, necessita de uma governação mais competente, sem mentiras e mais virada para o futuro".
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