Exclusivo

Política

PS e BE em processo de divórcio. Governo diz que Bloco deixou "de fazer parte da solução". "É incompreensível"

Duarte Cordeiro, secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares
Duarte Cordeiro, secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares
ana baião

Governo diz que foi o BE "que se afastou" do processo negocial e da "geringonça". "É incompreensível", disse Duarte Cordeiro. Ainda antes do anúncio do voto contra, o executivo enviou um documento a responder às últimas dúvidas do partido de Catarina Martins. Foi insuficiente. A guerra aberta sobre quem fica com a responsabilidade pelo divórcio já estava na praça pública. Agora começa a batalha principal

PS e BE em processo de divórcio. Governo diz que Bloco deixou "de fazer parte da solução". "É incompreensível"

Liliana Valente

Coordenadora de Política

As negociações entre o Governo e o Bloco de Esquerda, em quase todos os Orçamentos do Estado da 'geringonça', foram sempre tensas. Algumas com momentos de negociação em praça pública, mas nenhuma como a deste ano: durante as últimas semanas, intervenientes dos dois lados vieram mostrar ao público os passos que deram para um acordo numa guerra que já leva várias batalhas. O objetivo é só um: o público que decida quem fica com a culpa pelo divórcio. Ainda este domingo começou a batalha mais importante, que se desenrola esta semana com a discussão do Orçamento do Estado no Parlamento, terça e quarta-feira. Ainda antes de Catarina Martins anunciar o voto contra o Orçamento do Estado, o Governo enviou num documento de resposta às últimas dúvidas do antigo parceiro, numa tentativa de travar o que era inevitável: a oposição do BE, por unanimidade, ao Orçamento do Estado tal como está.

O BE diz que o voto contra não implica que não queira continuar a negociar para que nas votações em detalhe, artigo a artigo, e depois na votação final global, que encerra o processo orçamental, mude o sentido de voto e viabilize o documento, juntamente com PCP, PAN e as duas deputadas não inscritas, Joacine Katar Moreira e Cristina Rodrigues, que já disseram que irão viabilizar via abstenção. Os Verdes só anunciam terça-feira.

Do lado do Governo, a posição do BE é "incompreensível" e não encontram caminho para continuar a conversa: se o BE votou contra, é porque não quer mais negociar, disse esta segunda-feira de manhã Duarte Cordeiro, secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares. Questionado sobre se há mais negociações com o BE, o governante respondeu: "A posição do BE é de quem sai do processo de negociação, de quem se afasta. Não temos mais informação do que a declaração" da líder do BE.

Depois da questão política, atiram-se às palavras de Catarina Martins. "O Governo considera incompreensível que quando o país mais precisa não possa contar com o BE para aprovar um orçamento que protege as pessoas. É incompreensível que um orçamento com respostas de esquerda não seja viabilizado pelo BE", disse o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Duarte Cordeiro, numa conferência de imprensa específica para responder à posição do BE. Para o Governo, o BE decidiu "deixar de fazer parte da solução" que desde 2015 formou a maioria de esquerda. "Lamentamos que apesar das aproximações e disponibilidades se tenham afastado do processo", disse.

Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para continuar a ler

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: lvalente@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate