O PSD lançou a sua própria visão para a próxima década no plano do relançamento da economia e aproveitamento dos fundos europeus, um pacote de iniciativas e objetivos que o partido decidiu estruturar em quatro pilares: competitividade e empresas, desenvolvimento humano, sustentabilidade e serviços públicos.
"Nós olhámos para os problemas do país e propomos reformas estruturais e medidas políticas e olhámos para os fundos europeus de uma forma integrada e não por gavetas. Temos uma visão integrada de todo o envelope financeiro independentemente da sua proveniência", declarou o presidente do Conselho Estratégico Nacional (CEN) do PSD, Joaquim Miranda Sarmento, no início da apresentação.
O economista notou que esta estratégica resultou do trabalho de 49 pessoas do CEN, apoiadas por 22 elementos do seu conselho consultivo, não sendo um documento fechado, mas sim aberto ao debate com a sociedade civil.
"Queremos usar os próximos meses para desenvolver as políticas setoriais e discutir o documento", realçou Joaquim Miranda Sarmento, indicando que o programa contempla não apenas uma visão estratégica mas também projetos específicos em cada domínio de atuação.
No plano macro-económico o PSD aponta para uma meta de que 60% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2030 venha das exportações, privilegiando também uma concentração de investimento direto estrangeiro em bens transacionáveis e de elevado valor acrescentado.
O documento identifica vários problemas do país, como uma "carga fiscal elevada", "serviços públicos ineficientes" e um "sistema de justiça lento", bem como a "dificuldade em ligar o trabalho das universidades às empresas", para depois traçar um conjunto de iniciativas.
Dívida pública em 80% do PIB
Entre as metas do PSD está a redução da dívida pública para um valor em torno de 80% do PIB ao longo da próxima década, bem como "melhorar o saldo externo, tendo contas externas equilibrada a partir de 2022".
O documento, já publicado no site do PSD, traça também o objetivo de "aumentar o investimento privado e público para um total de 20% do PIB até 2023 e 25% do PIB até 2030".
O plano do PSD visa também "reduzir o desemprego gerado por esta crise" e "reduzir as desigualdades sociais e combater a exclusão e a pobreza".
"A União Europeia cumpriu o seu papel", declarou o presidente do PSD, Rui Rio, na apresentação do documento. "A restrição imposta pelos países frugais é que todo este dinheiro tem de ser usado num curto espaço de tempo", notou ainda Rui Rio.
"Quem vai pagar são os mais novos", lembra Rui Rio
O presidente do PSD frisou que o pacote de fundos europeus surge com a consciência de que as verbas agora disponibilizadas aos países serão pagas mais tarde. Rui Rio referiu que "é desonesto as gerações agora na liderança esquecerem que quem vai pagar são os mais novos".
E por isso, notou o presidente do PSD, "o combate as alterações climáticas faz todo o sentido", no quadro de sustentabilidade futura, que também está ligada aos princípios de aplicação das verbas em projetos de impacto duradouro. "O grosso desta fatia tem de ser aplicado numa visão de longo prazo", afirmou.
Na sua intervenção durante a apresentação do documento, Rui Rio também admitiu ser importante evitar que o aproveitamento dos fundos europeus fique associado a esquemas de corrupção.
Rio defende trazer desfavorecidos para a classe média
Rui Rio aproveitou a ocasião para declarar que em Portugal "a estratégia deve ser trazer os mais desfavorecidos para a classe média e não melhorando pontualmente coisinhas pequenas".
O presidente do PSD defendeu "melhor emprego e melhores salários". "Não me incomoda nada que um jovem quando sai da faculdade entre a ganhar um salário baixo ou quando tem um segundo salário baixo. Começa a haver problema quando o seu terceiro salário é baixo", referiu.
Rui Rio salientou que o que tem estado a faltar em Portugal é a falta de perspetiva de valorização salarial.
Na sua intervenção o líder do maior partido da oposição sublinhou ainda a necessidade de "melhorar os serviços públicos".