É oficial, o PAN apoia a candidatura de Ana Gomes a Belém. O partido de André Silva considera que a ex-eurodeputada socialista representa os valores do partido e será uma candidata "forte" e "independente", o que é decisivo no atual contexto de crise sanitária, económica e social.
"Fazemo-lo porque Ana Gomes é a única candidata progressista, humanista, europeísta e que sente a emergência climática que vivemos. A única candidata que pela sua independência e pela transversalidade das suas ideias é capaz de agregar diferentes campos políticos, ativismos, gerações e diferentes sensibilidades, capaz de levar a eleição a uma segunda volta e de vencer estas eleições ", afirmou Inês de Sousa Real, líder parlamentar do PAN, em conferência de imprensa a partir da sede do partido, em Lisboa
Sublinhando que o PAN se encontra numa fase de "crescimento" e de "consolidação", a líder parlamentar defendeu que não é obrigatório o partido ser representado em todos os atos eleitorais, estando sobretudo focado neste momento na atividade parlamentar e nas eleições autárquicas. Mas não abdica da sua "responsabilidade política" enquanto partido com assento no Parlamento, pelo que "não poderia colocar-se à margem" desta eleição.
"O ideário e projeto político do PAN não poderiam auto-excluir-se deste processo que ocorre num momento tão determinante para o país. Por isso e sendo esta uma eleição de pessoas e não de partidos, o PAN decide então apoiar a candidatura de Ana Gomes à Presidência da República", insistiu.
Combate à corrupção e aumento de populismos
Inês de Sousa Real lamentou ainda que a par da atual crise, as instituições democráticas tenham "mostrado pouco interesse" no combate à corrupção, estando frequentemente envolvidas em "situações de conflitos de interesse" que em nada dignificam a democracia.
"Esta postura, alimentada pelos partidos do sistema, e em especial por PS e PSD, tem levado a uma quebra de confiança e ao afastamento da participação cívica. Este fechamento do sistema democrático associado ao descontentamento dos cidadãs e cidadãos tem trazido, por seu turno, o aumento de populismos e de perigosos discursos de ódio que põem em risco os mais básicos pilares do Estado de Direito Democrático", alertou a deputada, frisando que o partido se identifica com a luta que Ana Gomes tem travado contra a corrupção e a falta de transparência.
O PAN entende também que, ao contrário daqueles que incentivam "atentados ambientais", como o aeroporto do Montijo, Ana Gomes recusa esse projeto e "não confunde tortura com cultura", opondo-se aos espetáculos tauromáquicos.
Elogio ao percurso “meritório e corajoso” de Ana Gomes
"Revemo-nos também no percurso meritório e corajoso de Ana Gomes ao serviço da defesa dos direitos humanos, seja na defesa da independência de Timor Leste, seja na denúncia das atrocidades do regime ditatorial etíope e na luta pela libertação dos respetivos presos políticos, ou até no seu envolvimento na aprovação do regime de sanções europeias a pessoas ou países responsáveis por violações graves destes direitos", acrescentou.
Sem candidato próprio, o Partido Pessoas Animais e Natureza (PAN) esteve até há poucos dias em debate interno para decidir que candidato à Presidência da República iria apoiar. Mas os sinais já indicavam a preferência do partido. Em julho, em entrevista à Rádio Renascença, o deputado e porta-voz André Silva descartava a hipótese de avançar para Belém e admitia que Ana Gomes poderia obter o apoio do PAN, considerando "meritório" o "combate e a luta" que a ex-eurodeputada socialista faz.
Este é o segundo apoio oficial de partidos à candidata. O Livre anunciou há uma semana que também apoia a candidatura da ex-eurodeputada a Belém, considerando que tem sido "decisiva nos combates contra corrupção e a evasão fiscal" e demonstrado ser "conhecedora, respeitadora e zeladora da Constituição da República Portuguesa". Para o partido fundado por Rui Tavares, Ana Gomes representará assim uma "Presidência progressista, ecológica e humanista", em linha com os valores do Livre.
Recorde-se que nas últimas eleições presidenciais, o PAN apoiou a historiadora Manuela Gonzaga na corrida a Belém, realçando a visão comum nomeadamente ao nível da defesa dos animais e do meio ambiente. No entanto, a candidata acabou por desistir do processo, porque não conseguiu a validação das 7500 assinaturas necessárias.