Política

Santos Silva, a manchete do Expresso e a troca de declarações com o embaixador dos EUA: “São circunstâncias ultrapassadas”

Santos Silva, a manchete do Expresso e a troca de declarações com o embaixador dos EUA: “São circunstâncias ultrapassadas”
MIGUEL A. LOPES/LUSA

Embaixador dos EUA em Portugal disse ao Expresso que “Portugal tem de escolher agora entre os aliados e os chineses”, notícia que fez manchete na edição de sábado do semanário. Em entrevista esta terça-feira à TVI24, Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros, garantiu que troca de declarações com embaixador norte-americano são um episódio “ultrapassado”

Santos Silva, a manchete do Expresso e a troca de declarações com o embaixador dos EUA: “São circunstâncias ultrapassadas”

Helena Bento

Jornalista

O embaixador dos EUA exigiu que Portugal escolha entre os norte-americanos e a China, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, respondeu que “quem toma as decisões é Portugal” e, esta terça-feira, em entrevista à TVI24, garantiu que se trata de um tema “ultrapassado”. “São circunstâncias completamente ultrapassadas”, afirmou, referindo-se a essa troca de declarações. “Trabalhamos com a proximidade que os aliados trabalham”, acrescentou.

Foi em entrevista ao Expresso que George Glass, embaixador norte-americano em Portugal, afirmou que Portugal tem de escolher entre os “amigos e aliados” EUA e o “parceiro económico” China. Se não o fizer em matérias como o 5G isso poderá ter consequências em termos de segurança e Defesa — consequências essas de âmbito técnico, como a atividade da NATO ou a troca de informação classificada - e não políticas, pelo menos no imediato.

“Há países que estão a trabalhar numa verdadeira parceria como aliados. Se não formos capazes de comunicar a esse nível, então haverá também reflexos na atmosfera política e nos desenvolvimentos da relação política. Por agora, é um assunto de Defesa Nacional e não de política”, afirmou Glass.

Em resposta a estas declarações, Santos Silva tinha dito em declarações à Lusa que quem toma as decisões em Portugal é o Governo. “O Governo português regista as declarações. Mas o ponto fundamental é este: em Portugal quem toma as decisões são as autoridades portuguesas, que tomam as decisões que interessam a Portugal, no quadro da Constituição e da lei portuguesa e das competências que a lei atribui às diferentes às diferentes autoridades relevantes”, afirmou.

Questionado sobre a possibilidade de as declarações do embaixador norte-americanos constituírem uma ingerência nos assuntos internos de Portugal, o ministro dos Negócios Estrangeiros respondeu negativamente, lembrando a “profunda amizade que liga os dois países” e a sua “colaboração íntima”, seja “no plano bilateral, seja em organizações multilaterais”.

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