"O que é mais grave no apoio de António Costa à candidatura de Luís Filipe Vieira é que mostra confiança na absolvição de tal sujeito numa altura em que justiça se prepara para clarificar o seu papel em vários casos." Adelino Maltês, professor e politólogo, critica assim o facto de o primeiro-ministro fazer parte da comissão de honra do presidente do Benfica que se vai recandidatar ao cargo.
A notícia foi divulgada pelo Expresso e o primeiro-ministro já reagiu dizendo que o assunto "não tem rigorosamente nada a ver com a vida política" nem "com as funções" que exerce. "Tinha de dizer qualquer coisa não é? Já deu para uma risada. O apoio deve ser do heterónimo do António Costa, apesar de não conhecer a poesia dele", ironiza Adelino Maltês.
Luís Filipe Vieira é arguido na Operação Lex, um caso de corrupção que envolve dois desembargadores da Relação de Lisboa e em que o presidente do Benfica deverá ser acusado do crime de recebimento indevido de vantagem por ter, alegadamente, prometido um lugar na Fundação Benfica a Rui Rangel a troco de este influenciar o desenrolar de um processo fiscal que envolvia a empresa do filho. Vieira contesta a acusação e garante estar inocente. Além da justiça, é ainda um dos maiores devedores do Novo Banco.
"O que este episódio do apoio da dupla Costa/Medina ao presidente do Benfica demonstra é que a instituição Benfica é maior do que qualquer partido. Vivemos no mundo da futebolítica e e uma pena porque o que devíamos fazer é afastar cada vez mais a política do futebol", diz Adelino Maltês, para quem o episódio não é novo. "Já aconteceu antes, com o apoio do Eanes a Pinto da Costa".
João Paulo Batalha, presidente da associação Transparência e Integridade, já levantou a possibilidade de o apoio de António Costa violar o código de conduta que o próprio Governo aprovou. Mas para Adelino Maltês, "a ética não pode ser regulamentada. Faz parte de cada individuo. E isto não é ética, é política."
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: RGustavo@expresso.impresa.pt