PS dividido entre os apoios declarados a Marcelo e o silêncio dos apoiantes de Ana Gomes

A desunião do PS nas presidenciais de 2021 não será uma novidade para os socialistas: irão (outra vez) divididos, como aconteceu na candidatura de Manuel Alegre vs. Mário Soares (2005) e, nas últimas eleições, entre Sampaio da Nóvoa (independente apoiado por muitos socialistas incluindo António Costa) e Maria de Belém (2016) ou nas longínquas presidenciais que opuseram Salgado Zenha a Mário Soares (1986). Desta vez, porém, as presidenciais trazem uma novidade: é a primeira vez que estarão separados entre uma candidata socialista e um candidato não-socialista, ainda não anunciado oficialmente, que é atual Presidente da República, e que já foi líder do partido rival, o PSD.

Desta vez como em 2005, os socialistas estão no Governo, mas a relação com o Presidente da República em funções-e-eventual-candidato não é a mesma que José Sócrates tinha com Cavaco Silva. Desta vez, o líder do partido, António Costa, jogou na antecipação, fez um apoio implícito a Marcelo Rebelo de Sousa e ainda pediu “recato” aos seus governantes. Irão cumprir? Hoje, Pedro Nuno Santos cumpriu. Depois de uma visita a Mondim de Bastos, disse aos jornalistas: “Não vou falar sobre presidenciais, não estão no âmbito das minhas competências enquanto ministro.”