Política

Sem reuniões no Infarmed, Bloco quer dados da pandemia entregues ao Parlamento

Moisés Ferreira, deputado do Bloco de Esquerda
Moisés Ferreira, deputado do Bloco de Esquerda

Bloquistas entregam requerimento para pedir o envio dos dados sanitários. Por agora, não há mais reuniões no Infarmed

As reuniões em que os peritos punham os políticos a par da evolução da pandemia acabaram, pelo menos por agora. Mas o Bloco de Esquerda teme que isto venha reduzir a informação disponível e diminuir a transparência na tomada de decisões, pelo que vai exigir que a os peritos continuem a mostrar os dados científicos, agora ao Parlamento.

O partido decidiu entregar um requerimento para que esses dados passem, assim, a ser enviados aos deputados, confirmou fonte oficial do partido ao Expresso. No Fórum TSF, esta quinta-feira, o deputado Moisés Ferreira considerou que a informação transmitida nas reuniões tem sido "importante", sobretudo pela "interpretação mais fina" dos dados que é ali oferecida aos políticos para que possam tomar decisões.

"Consideramos que o tratamento da informação e caracterização são importantes e devem continuar, independentemente do formato, por isso o BE hoje apresentará um requerimento à Comissão de Saúde para que estas informações que sejam dadas e tratadas à AR". Sejam dados relativos à evolução da pandemia, cenários sobre a mesma ou análises comparativas com outros países.

As reuniões em causa começaram ainda no período de estado de emergência e reuniam no Infarmed, quinzenalmente, os principais responsáveis políticos e líderes partidários e os especialistas em Saúde, que mostravam não só os dados científicos sobre a evolução da pandemia como também estudos sobre os mesmos e análises comparativas, o que permitia retirar conclusões sobre os picos da doença ou as causas para determinados surtos, além de comparar a situação portuguesa com a de outros países.

Como o Expresso noticiou na quarta-feira, a decisão de acabar com as reuniões foi articulada entre Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa, depois de na semana passada Rui Rio ter avançado com esta hipótese. Dentro do encontro ninguém referiu que as reuniões estariam para acabar, mas lá fora Marcelo deu a novidade e agradeceu a colaboração de todos.

O fim das reuniões não foi bem vista muitos, depois de no último encontro várias fontes terem dado nota da exasperação do primeiro-ministro ao não receber respostas concretas da parte dos especialistas, sobretudo sobre as causas - e possíveis soluções - para a situação de Lisboa. Esta quarta-feira, Costa negava que tenha havido alguma tensão na última reunião e garantia que desta vez não ficou marcada qualquer reunião apenas porque a situação é considerada “estável”, o que não invalida que os encontros voltem a acontecer no futuro.

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