As críticas de Fernando Medina à gestão da pandemia na região de Lisboa fez sair Marta Temido em sua defesa e da sua equipa. Com os dois em lados opostos na opinião sobre o que se passa em Lisboa, António Costa falou e ficou a meio caminho entre os dois. Disse que no Governo estão "bem conscientes" do problema e que entende "a frustração dos autarcas". Sem qualitativos, sem adjetivos, sem cair para um dos lados da barricada, desfiando apenas a estratégia e as medidas que estão a ser levadas a cabo. Ao fazê-lo, não criticou o autarca lisboeta como também não defendeu sem tibiezas a sua ministra.
Questionado em Elvas, onde esteve numa cerimónia de abertura das fronteiras com Espanha, o primeiro-ministro não fugiu à polémica do momento, mas colocou-se a meio da ponte entre o seu autarca e a sua ministra. "Estamos bem conscientes disso", ou seja, do problema na região de Lisboa. Foi aliás por isso que, referiu, se reuniu com os presidentes da câmara da região para avaliar o que falta. Foi esta a primeira resposta de Costa às declarações de Fernando Medina, presidente da Câmara de Lisboa, que no seu comentário na segunda-feira na TVI24 criticou duramente a gestão da pandemia na região, apontando o dedo às chefias: "Ou as chefias conseguem em poucos dias pôr ordem na casa ou as chefias têm de ser reavaliadas".
Sobre este problema, diria ainda que entende o que sente o presidente da Câmara de Lisboa, mas que também entende que "há vontade" de trabalhar com o Governo. "Tenho acompanhado a frustração de muitos autarcas, mas também a vontade de trabalharem com o Governo".
Disse-o depois de desfiar as medidas que têm sido tomadas em Portugal para enfrentar a pandemia. Para Costa, a estratégia tem de continuar a ser "testar, testar, testar" e isolar os casos positivos. Para isso é muito importante, reforçou, o papel da saúde mas também da Segurança Social, que tem de encontrar os locais para onde os doentes (mesmo os que estão assintomáticos e não sabiam que tinham o vírus) possam ser encaminhados. O papel da Segurança Social, referiu, é ainda o de dar os meios de subsistência às famílias até porque muitas, como relatado por alguns autarcas, estando doentes não podem deixar de trabalhar.
Ao lado do presidente do governo espanhol, Pedro Sanchéz, António Costa que tem deixado algumas indirectas à gestão do outro lado da fronteira, foi mais comedido desta vez, mas não deixaria de dizer que em Portugal "não vamos enfrentar esta crise escondendo problemas".
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