Política

Santos Silva ironiza: se número de casos é critério único, UE deve abrir fronteiras à Coreia do Norte

Santos Silva ironiza: se número de casos é critério único, UE deve abrir fronteiras à Coreia do Norte
MIGUEL A. LOPES/LUSA

À TSF, ministro insiste que número de testes feitos deve ser um dos critérios principais para receber quem vem de fora. "É preciso prudência e sageza para evitar cair no ridículo"

"Se a União Europeia usasse esse critério [número de casos novos por cem mil habitantes], e só esse, para abrir as fronteiras externas, é capaz de me dizer qual seria o primeiro país a quem abriria as suas fronteiras?". A ironia é do ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva; a resposta, prontamente dada pelo próprio em entrevista à TSF, é "a Coreia do Norte, que não reporta nenhum caso".

O facto de Portugal estar numa espécie de 'lista negra' de alguns países, que consideram que o país está a registar demasiados casos novos nas últimas semanas e por isso se recusam a receber quem aterrar de Portugal, tem merecido críticas por parte do Governo. Santos Silva defende nesta entrevista a tese a que o Executivo tem recorrido nos últimos dias: Portugal estará a ser prejudicado por estar, por um lado, a ser honesto - a Coreia do Norte continua a insistir que não regista qualquer caso, apesar do ceticismo internacional - e, por outro, a fazer muitos testes - um dado já contestado, pelo menos em parte, pelos especialistas, que revelam que há mesmo um agravamento da situação sanitária, sobretudo em Lisboa.

À TSF, Santos Silva defende assim que o critério de número de casos por 100 mil habitantes deve ser acompanhado por outros, à cabeça o do "número de testes" realizados. "É preciso prudência e sageza para evitar cair no ridículo", frisa o ministro, lembrando que "se não testarmos, os casos que existem não serão conhecidos".

Na mesma entrevista, o governante defende ainda que na Europa deve haver um entendimento sobre "critérios comuns" a adotar para fixar o salário mínimo nacional e assume a preocupação com a "pancada" que a economia portuguesa, assim como a mundial, sofreu, particularmente no âmbito das exportações. A esperança do Governo, revela, é agora que esta crise, mesmo que não assuma a forma de um "V" - uma queda rápida seguida de uma recuperação igualmente rápida - adote o modelo "U" - uma crise cuja pior fase se prolonga por algum tempo, mas que se corrige depois de forma a voltar ao ponto de partida.

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