Na última semana, vários membros do Governo entraram em contradição, levantaram polémicas dispensáveis e falharam na comunicação. António Costa protegeu-os a todos: menos a Centeno
Um ministro da Economia que embaraça a ministra do Trabalho. Uma ministra da Saúde que compromete a estratégia sanitária do Governo. Um ministro das Infraestruturas que voa demasiado perto do Sol e cujo tom é desautorizado. E um ministro das Finanças que faz uma injeção de capital de 850 milhões de euros e não passa cartão ao primeiro-ministro, que acaba publicamente a pedir desculpa e a reconhecer que não sabia.
Contida a crise sanitária, onde a resposta do Governo português tem sido globalmente reconhecida como positiva, de súbito, começaram a surgir fissuras na estratégia e na comunicação do Governo. O episódio do Novo Banco foi apenas o último: depois de, na quinta-feira, ter garantido no Parlamento que não havia novidades sobre o banco e que só haveria mais dinheiro para o Novo Banco quando houvesse resultados da auditoria, o primeiro-ministro foi obrigado a emendar a mão, a assumir ao Expresso que não fora informado por Mário Centeno e a pedir desculpa aos seus antigos parceiros de coligação. A nota enviada pelo gabinete de imprensa de António Costa não dava grande margem para segundas interpretações: "O primeiro-ministro já apresentou desculpas ao Bloco de Esquerda por ter dado uma resposta no desconhecimento que o Ministério das Finanças já tinha ontem feito o pagamento contratualmente previsto.”
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