As sedes do PSD na Madeira não vão abrir para a segunda volta das eleições internas do partido. O boicote é a resposta a Lisboa, que, por decisão do conselho de jurisdição, anulou os votos dos militantes da Madeira na primeira volta das eleições para a escolha do líder nacional dos sociais-democratas. O que ainda não está decidido é se a Madeira avança ou não com um pedido de impugnação no Tribunal Constitucional.
Em causa está a divergência dos cadernos eleitorais. Lisboa diz que, na Madeira, há apenas 104 militantes aptos a votar; a Madeira diz que são perto de 2.500 com as quotas em dia. E tudo isto porque o novo regulamento, aprovado em novembro de 2019, proíbe os pagamentos de quotas em dinheiro. As diferenças de entendimento não se resolveram até ao dia da primeira volta, 11 de Janeiro e, na Madeira, todos os que tinham pago as quotas e quiseram votaram. Ao caso, mais de 1.700, dos quais 544 deram o voto Rui Rio, mas estes votos foram todos anulados.
A comissão política regional reúne-se esta terça-feira ao fim da tarde e o assunto estará em cima da mesa, mas, na estrutura madeirense do partido a tese que parece maioritária é que não será boa estratégia levar o caso até ao Tribunal Constitucional. Uma decisão do Constitucional demora sempre alguns meses até ser conhecida e, na eventualidade de dar razão à Madeira, isso colocaria em causa a eleição do líder e teria implicações no congresso. O que não é bom para o PSD.
Miguel Albuquerque terá de decidir então se marca posição apenas com o boicote à segunda volta ou se vai mais além, sabendo que há sempre um pós-eleições e que, pelo menos em termos institucionais, terá de relacionar-se com o líder que sair da segunda volta das diretas, que terá lugar no próximo sábado. Ou seja, Rui Rio ou Luis Montenegro.
Além da questão com Lisboa, o PSD-Madeira tem ainda que resolver os problemas levantados por Alberto João Jardim, que é mandatário de Rui Rio e que, no sábado, dia da primeira volta das eleições internas, se insurgiu contra as “chapeladas” no pagamento das quotas dos militantes. Jardim, ex-presidente histórico do partido, anunciou que tinha impugnado as eleições, mas, na Madeira, a estrutura do partido apenas recebeu um protesto junto da mesa de voto onde votou. Se houve pedido de impugnação, não foi feito no Funchal.
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