Política

Governo consegue acordo com SIMM. Só resta um sindicato em greve

Governo consegue acordo com SIMM. Só resta um sindicato em greve
JOÃO RELVAS

Ministro Pedro Nuno Santos recebeu Antram e SIMM, o sindicato de camionistas que também estava em greve aceitou já desconvocá-la e voltar às negociações formais com a Antram. Objetivo foi isolar o sindicato de Pardal Henriques. Governo desafia-o a sair da greve.

Governo consegue acordo com SIMM. Só resta um sindicato em greve

David Dinis

Diretor-adjunto

Depois do acordo entre Antram e Fectrans, ligado à CGTP, o Governo conseguiu agora isolar o principal sindicato em greve (dos motoristas de matérias perigosas) com um acordo com o segundo sindicato que aderiu à greve, o Sindicato Independente de Motoristas de Mercadorias (SIMM). Esta quinta-feira à noite, o ministro Pedro Nuno Santos recebeu os representantes deste sindicato e a Antram e conseguiu que este desconvocasse a greve.

"A greve vai ser desconovocada. Não surtiu na totalidade os efeitos que desejávamos, mas uma parte. Hoje fala-se da nossa vida, há um conhecimento diferente da nossa vida. Vamos trabalhar as nossas propostas, algumas delas já estão acordadas com a Fectrans e outras vamos tentar melhorar", disse à saída da reunião o representante do SIMM, Anacleto Rodrigues. "Algumas das nossas propostas que enviámos em fevereiro, vemos que já foram tratadas neste acordo que foi apresentadas. Temos que nos congratular por isso. Faltam outros temas, que têm a ver com as cargas e descargas, o tempo de trabalho".

O passo foi discretamente planeado e é o último passo de uma estratégia. Porque foi precisamente o acordo entre Antram e a Fectrans que permitiu avançar com o reatar das conversações com o SIMM - havendo nova base de diálogo, com a negociação acima do acordo de maio, era mais fácil convencer o sindicato independente a sentar-se de novo à mesa. Mas nos últimos dias a procura desse diálogo foi "intensa", confirmou esta tarde ao Expresso uma fonte do Governo.

A expectativa do Executivo é deixar isolado o sindicato cujo principal rosto tem sido o de Pardal Henriques. Acontecendo esta noite, teve efeito redobrado: é que o Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) foi precisamente esta quinta-feira ao Ministério do Trabalho pedir formalmente uma tentativa de "mediação" ao Governo, que acabou por ficar pelo caminho em quatro horas apenas. A diferença entre um e outro sindicato? É que o SIMM reatou conversas longe das câmaras e, provavelmente, abrindo a hipótese de suspender a greve (o que o SNMMP ainda hoje reiterou que não fará).

O SIMM não entende que a sua saída da greve represente falta de solidariedade com o SNMMP. "Já hoje o nosso parceiro tomou uma atitude de aproximação. Eles têm feito a luta deles, nós a nossa. Nós entendemos que os nossos colegas estavam já exaustos", reconheceu o representante do SIMM, criticando que os serviços mínimos "foram esticadinhos. Foi o que foi, cada um usou as armas que tem". A primeira reunião deste sindicato com a Antram está marcada agora para dia 12 de setembro. O SIMM representa cerca de 2% do total dos motoristas de mercadorias ("o que de certa forma explica a pouca adesão à greve", explicou Anacleto Rodrigues. Voltarão amanhã ao trabalho.

O presidente da Antram também já reagiu. "Não há vencidos, há um vencedor que é o diálogo", disse, dando "os parabéns ao SIMM". "O que se passou nesta sala é saber discordar. Estão já agendadas reuniões para se trabalhar de forma concreta em melhorias para o setor". O SIMM, garantiu, "desconvidou a greve antes da reunião ser convocada", garantiu, explicando que há um documento que prova isso. "Isso não é o mais importante". E ficou um elogio ao Executivo: "O Governo não desistiu".

O ministro Pedro Nuno Santos apareceu logo de seguida. "O SIMM está de parabéns por ter dado este passo. Falta o SNMMP, que ainda hoje desafiou a Antram para mediação. Não é suficiente. Não podemos negociar sob uma greve. O natural é que desconvoque a greve, para iniciarmos um processo negocial. É o que esperam os portugueses. Fazemos o apelo ao SNMMP para que desconvoque a greve. É assim em todos os países europeus. O Governo não toma o partido de ninguém, mas não se consegue negociar durante uma greve. Se a intenção é dialogar, então desconvoque a greve".

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