Política

PSD admite acordo com PS na Lei de Bases da Saúde. Bloco em "choque"

PSD admite acordo com PS na Lei de Bases da Saúde. Bloco em "choque"
PAULO NOVAIS/LUSA

Mudança de posição de PS e Governo pode trazer novo acordo. PSD admite "aproximação" do PS, PCP diz que precisa de mais explicações. Bloco isolado e "chocado"

Um dia depois de o PS ter "chocado" o Bloco de Esquerda com mudanças significativas nas propostas para a Lei de Bases da Saúde, uma nova janela de entendimento parece estar a abrir-se neste dossiê. Em declarações aos jornalistas à saída da sessão de comemoração do 25 de Abril, no Parlamento, Rui Rio assumiu a abertura do PSD negociar com os socialistas: "Se o PS se aproximar do PSD, votamos favoravelmente [a lei]".

Questionado sobre as novas alterações - o Governo começou por admitir o fim das Parcerias Público-Privadas (PPP) na negociação com o Bloco de Esquerda, tendo esta quarta-feira recuado e considerado essas propostas apenas "versões de trabalho" - Rio concordou que "o PS se aproximou do PSD", defendendo que público e privado devem conviver e "complementar-se" na área da Saúde.

Mas do lado esquerdo do hemiciclo também não foi total a rejeição das propostas do PS. Questionado sobre as alterações apresentadas pelos socialistas, Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP, não lhes fechou a porta: "Acho que o PS vai ter de explicar melhor, [a formulação que prevê PPP de forma supletiva e temporária] é demasiado genérica".

O Bloco de Esquerda pareceu, assim, isolado na reação ao recuo socialista. Catarina Martins disse-se mesmo "em choque" com as propostas que "mantêm a porta aberta" às PPP. "Presumo que o grupo Mello tenha ficado satisfeito. O SNS cresceu sem as PPP", recordou. Na quarta-feira, ao serem conhecidas as novas propostas do PS - que, segundo os socialistas, foram construídas "em total sintonia" com o Governo - os bloquistas mostraram-se surpreendidos, uma vez que o primeiro-ministro vinha dizendo publicamente querer um entendimento à esquerda nesta matéria, contra a vontade do Presidente da República.

Antes do Bloco, era o PS, pela voz de Carlos César, que justificava: as mudanças acontecem graças à procura de uma lei "o mais consensual possível" (com o acordo da direita?), sendo certo que "não há unanimidades" nesta área. E rejeitou ter sido alvo de pressões: "As propostas refletem o pensamento próprio do PS, não a pedido de outros partidos ou qualquer instituição externa". Novo acordo - com nova geringonça - à vista?

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate