PSD admite acordo com PS na Lei de Bases da Saúde. Bloco em "choque"
Mudança de posição de PS e Governo pode trazer novo acordo. PSD admite "aproximação" do PS, PCP diz que precisa de mais explicações. Bloco isolado e "chocado"
Mudança de posição de PS e Governo pode trazer novo acordo. PSD admite "aproximação" do PS, PCP diz que precisa de mais explicações. Bloco isolado e "chocado"
Jornalista
Um dia depois de o PS ter "chocado" o Bloco de Esquerda com mudanças significativas nas propostas para a Lei de Bases da Saúde, uma nova janela de entendimento parece estar a abrir-se neste dossiê. Em declarações aos jornalistas à saída da sessão de comemoração do 25 de Abril, no Parlamento, Rui Rio assumiu a abertura do PSD negociar com os socialistas: "Se o PS se aproximar do PSD, votamos favoravelmente [a lei]".
Questionado sobre as novas alterações - o Governo começou por admitir o fim das Parcerias Público-Privadas (PPP) na negociação com o Bloco de Esquerda, tendo esta quarta-feira recuado e considerado essas propostas apenas "versões de trabalho" - Rio concordou que "o PS se aproximou do PSD", defendendo que público e privado devem conviver e "complementar-se" na área da Saúde.
Mas do lado esquerdo do hemiciclo também não foi total a rejeição das propostas do PS. Questionado sobre as alterações apresentadas pelos socialistas, Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP, não lhes fechou a porta: "Acho que o PS vai ter de explicar melhor, [a formulação que prevê PPP de forma supletiva e temporária] é demasiado genérica".
O Bloco de Esquerda pareceu, assim, isolado na reação ao recuo socialista. Catarina Martins disse-se mesmo "em choque" com as propostas que "mantêm a porta aberta" às PPP. "Presumo que o grupo Mello tenha ficado satisfeito. O SNS cresceu sem as PPP", recordou. Na quarta-feira, ao serem conhecidas as novas propostas do PS - que, segundo os socialistas, foram construídas "em total sintonia" com o Governo - os bloquistas mostraram-se surpreendidos, uma vez que o primeiro-ministro vinha dizendo publicamente querer um entendimento à esquerda nesta matéria, contra a vontade do Presidente da República.
Antes do Bloco, era o PS, pela voz de Carlos César, que justificava: as mudanças acontecem graças à procura de uma lei "o mais consensual possível" (com o acordo da direita?), sendo certo que "não há unanimidades" nesta área. E rejeitou ter sido alvo de pressões: "As propostas refletem o pensamento próprio do PS, não a pedido de outros partidos ou qualquer instituição externa". Novo acordo - com nova geringonça - à vista?
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