O Bloco de Esquerda foi apanhado de surpresa pelas propostas do PS para a lei de Bases da Saúde, que contrariam alguns dos mais importantes compromissos conseguidos na negociação entre bloquistas e Governo. E não demorou a reagir, deixando avisos: "Esperamos que o PS não desautorize o primeiro-ministro", que participou nessas negociações, como o Expresso noticiou no sábado.
Irritados com as propostas de alteração divulgadas esta quarta-feira pelos socialistas, que mantêm a possibilidade de celebrar parcerias público-privadas na Saúde (embora de forma "temporária e supletiva") e eliminam condições para fazer acordos com os setores privado e social, os bloquistas apressaram-se a marcar uma conferência de imprensa no Parlamento. E foram duros nas críticas ao grupo parlamentar do PS.
"Aquilo a que assistimos é um recuo brutal no que estava a ser construído", declarou Moisés Ferreira, que foi responsável pelas negociações desta pasta do lado do Bloco de Esquerda. "Nas PPP, voltam a permitir quando tínhamos combinado que deixariam de existir; na relação público-privado, estava acordado que os serviços privados seriam supletivos e voltam a colocar todos em pé de igualdade", lamentou o deputado.
Terá sido esta a resposta do PS aos avisos de Marcelo Rebelo de Sousa, que, tal como o Expresso noticiou no sábado passado, se preparava para vetar uma lei que pusesse fim às PPP? O Bloco não sabe, até porque não foi avisado das propostas de alteração que o grupo parlamentar do PS se preparava para fazer, mas considera que os socialistas "sucumbiram" e "quebraram" certamente às pressões dos grupos privados de de Saúde.
Questionado sobre se esta posição do PS, bem diferente da que fora assumida pelo Governo no documento enviado ao Bloco - e que os bloquistas apresentaram em conferência de imprensa na segunda-feira passada - o deputado disse esperar que ainda haja "um assomo de razoabilidade". E disparou contra o grupo parlamentar liderado por Carlos César: "Esperamos que o PS não desautorize o primeiro-ministro".
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