O Governo português condenou nesta segunda-feira o ataque no Mali que custou, no sábado, a vida a 135 pessoas, incluindo mulheres e crianças, bem como a violência que tem atingido aquele país africano. "O Governo português repudia o massacre ocorrido no Mali, que levou à morte de, pelo menos, 135 civis, entre os quais mulheres e crianças, bem como todos os atos recentes de violência perpetrados contra a população daquele país", divulgou o Ministério dos Negócios Estrangeiros através da sua conta na rede Twitter.
Num comunicado divulgado pouco depois, o executivo "sublinha a importância de responsabilizar os autores deste massacre" e "reitera o seu apoio às autoridades do Mali nos esforços visando a paz e estabilidade naquele país". O comunicado do Palácio das Necessidades apela, ainda, "à rápida e plena implementação por todas as partes signatárias do Acordo de Paz e de Reconciliação no Mali".
O Governo expressa ainda as suas "condolências às famílias enlutadas", bem como a sua "solidariedade para com o povo maliano".
A matança, que terá sido perpetrada por milícias da etnia Dogon visando uma aldeia Fula no centro do país, foi a mais sangrenta desde o fim da operação lançada em 2013 por iniciativa francesa para expulsar os grupos 'jihadistas' que tinham tomado o controlo do norte do Mali. Desde o aparecimento, há quatro anos, do grupo 'jihadista' do pregador Amadou Koufa, que recrutava essencialmente elementos do povo Fula, tradicionalmente criadores de gado, os confrontos entre esta comunidade e as etnias Bambara e Dogon, que praticam sobretudo a agricultura, multiplicaram-se, dando origem a "grupos de autodefesa". A violência custou a vida a mais de 500 civis em 2018, segundo as Nações Unidas.
O Presidente, Ibrahim Boubacar Keita, reuniu no domingo um Conselho de Ministros extraordinário "para anunciar a dissolução da associação [de caçadores Dogon] 'Dan Nan Ambassagou' para deixar claro que a proteção das populações continuará a ser assumida unicamente pelo Estado", declarou à imprensa o primeiro-ministro, Soumeylou Boubeye Maiga. Maiga também anunciou "a nomeação de novos líderes militares", após a demissão do Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, M'Bemba Moussa Keita, bem como do Exército e da Força Aérea. O novo chefe do exército é o general Abdoulaye Coulibaly, de acordo com um comunicado do Governo.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse no domingo estar "chocado e indignado" com o massacre. Também a União Europeia condenou o ataque que ocorreu na madrugada de sábado, que foi atribuído a caçadores Dogon por uma associação para a defesa dos direitos dos pastores Kisal e um eleito local.
"O massacre de mais de 130 pessoas, incluindo mulheres e crianças, e a destruição da aldeia de Ogossagou por homens armados vestidos como caçadores tradicionais suscitaram a máxima indignação da União Europeia (UE)", disse o porta-voz da chefe da diplomacia da União Europeia, Federica Mogherini. Mogherini pediu igualmente que fossem tomadas "medidas imediatas" para garantir a segurança e proteção da população do centro de Mali, que "passa sobretudo pelo desarmamento e desmantelamento de todas as milícias" que atuam na região.
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