Mesquita Nunes demite-se de vice-presidente do CDS
Centrista assume opção pela carreira profissional e deixa direção do partido para assumir cargo na administração da Galp. Assunção Cristas “lamenta” opção, mas “compreende”
Centrista assume opção pela carreira profissional e deixa direção do partido para assumir cargo na administração da Galp. Assunção Cristas “lamenta” opção, mas “compreende”
Jornalista da secção Política
Adolfo Mesquita Nunes renunciou ao cargo de vice-presidente do CDS, para poder assumir o cargo de administrador não-executivo da Galp. Em carta enviada no passado fim-de-semana à presidente do CDS, Assunção Cristas, a que o Expresso teve acesso, Mesquita Nunes deixa claro que a aceitação do convite de Paula Amorim significa uma opção pela carreira profissional, em detrimento da atividade política. Uma escolha que o próprio já havia sinalizado em entrevista ao Expresso, no ano passado, e que o levou a recusar a possibilidade de se candidatar a deputado nas legislativas de 2015. Agora, dá mais um passo que o distancia da vida política, deixando a direção do CDS em abril, quando inicia funções na Galp.
Em declarações ao Expresso, Assunção Cristas diz que a renúncia ao cargo foi acordada entre ambos quando Adolfo a informou que iria aceitar o convite da Galp - não por haver qualquer incompatibilidade, mas por uma questão de disponibilidade e de opção pessoal. A notícia acabou por ser divulgada na semana passada pelo Expresso, antes desse pedido de demissão se ter formalizado, o que agora aconteceu.
“Lamento, mas compreendo”, diz Cristas, salientando que o até agora “vice” vai manter a principal tarefa que tinha na direção: coordenar o grupo que está a preparar o programa eleitoral para as próximas legislativas.
“É uma perda, no sentido em que o Adolfo é ótimo e deixa de ser vice-presidente, mas seria mais preocupante se ele não pudesse preparar o programa eleitoral, que é o trabalho mais relevante que ele está a fazer do ponto de vista partidário”, diz Cristas. Que salienta, porém, que Mesquita Nunes “continua muito comprometido” com a direção do CDS.
Na carta que enviou a Cristas, o ex-secretário de Estado do Turismo lembra que, em março de 2016, quando foi desafiado para integrar a direção do CDS, já “tinha tomado a opção, que aliás anunciei publicamente, de voltar para a minha vida profissional e de a ela me dedicar prioritariamente”.
“Para essa opção”, explica, “contribuíram motivos vários, sobretudo pessoais, conhecidos de todos os que me são próximos: gosto de pensar políticas públicas e gosto de contribuir para um país com mais liberdade, mas o exercício diário e profissional da política, sobretudo num tempo de sobre-exposição, afasta-se do quotidiano que perspectivo para a minha vida” - questões que o próprio tem abordado em diversos momentos.
Agora, aceitando ser administrador não-executivo da Galp, para além de ser sócio numa sociedade de advogados, Mesquita Nunes considera que deixa de ter disponibilidade para se manter na primeira linha do combate partidário.
Por essa razão formaliza, “agora por escrito”, o pedido de demissão que já havia comunicado. Uma atitude, escreve Mesquita Nunes, “que reflecte a forma como sempre estive na política”.
Depois de três anos como vice de Cristas, Adolfo elogia a “inspiradora liderança” da presidente do CDS e diz acreditar que, com ela, o partido “será um dia a primeira força”.
Para além de levar até ao fim o trabalho à frente do grupo Portugal com Futuro, que deverá apresentar ao partido uma proposta de programa eleitoral às eleições legislativas, Mesquita Nunes vai manter-se como vereador da oposição na Câmara Municipal da Covilhã até acabar o mandato, em 2021.
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