Maria João Rodrigues, eurodeputada e vice-presidente do grupo socialista no Parlamento Europeu, não será candidata do PS às próximas eleições europeias. A antiga ministra de António Guterres era tida como uma escolha certa de António Costa para Bruxelas, mas a investigação de que está a ser alvo no Parlamento Europeu, por alegado assédio moral aos seus colaboradores, acabou por deitar por terra as aspirações da socialista, que ainda esta quinta-feira assumiu que queria "continuar".
O caso foi revelado pelo Expresso a 18 de janeiro, depois de Maria João Rodrigues ter sido acusada de pressionar assistentes a não engravidarem, de repetir ameaças a quem ousasse contestar as regras impostas e de exigir total disponibilidade aos seus colaboradores, inclusive para lá do horário laboral e aos fins de semana.
Estas e outras denúncias foram investigadas Comité de Assédio do Parlamento Europeu, num processo que, sabe o Expresso, conta com quase 100 páginas. A socialista sempre refutou todas as acusações, mas o processo seguiu os seus passos e a decisão está agora nas mãos de Antonio Tajani, presidente do Parlamento Europeu.
A lista do PS ao Parlamento Europeu só será oficialmente conhecida esta quinta-feira, depois de António Costa a levar à Comissão Política Nacional do partido, mas o Expresso sabe que António Costa preferiu antecipar-se ao Parlamento Europeu e não repetir a aposta na eurodeputada.
Manuel Pizarro "compreendeu" razões de Costa
O líder da Federação do PS/Porto alimentava expectativas de constar nos primeiros oito lugares da lista dos socialistas às eleições europeias - grupo que tem praticamente garantida a eleição, mas as escolhas de António Costa, as imposições de outras estruturas e a vontade de obedecer a lógicas paritárias - quatro mulheres, quatro homens - atiraram o ex-secretário de Estado para o nono lugar.
Nas últimas semanas, o próprio foi mantendo um tabu sobre se aceitaria ou não concorrer nesse lugar. Pizarro terá sofrido pressões nos dois sentidos: recusando, enfraqueceria a sua situação junto de António Costa e abriria uma frente de guerra desnecessária em ano de eleições; aceitando, daria um sinal de fraqueza da estrutura do PS/Porto, uma das maiores do país, relegada para um lugar teoricamente não elegível. A 16 de fevereiro, fonte o aparelho local garantia mesmo ao Expresso que esse lugar era "humilhante" e "desprestigiante" e que o líder da distrital estava a ponderar rejeitar.
O cenário mudou. Ao Expresso, fonte do PS garante que Pizarro "compreendeu os motivos do secretário-geral, entendeu a situação e aceitou ir no nono lugar". Resta agora saber como vai gerir as tensões internas, até porque Isabel Santos, igualmente da distrital, será candidata do PS às europeias à frente do líder da Federação e em lugar elegível.
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