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Política

Marcelo contra greve dos enfermeiros: “É intolerável”

“Quem pode decretar uma greve deve fazê-lo com fundos dos seus associados” (não por crowdfunding) e “é intolerável perante uma decisão legal (a requisição civil) dizer: não acatamos”. O Presidente da República não aceita a greve dos enfermeiros. “Muito afeto mas autoridade”, afirmou na Circulatura do Quadrado, na TVI. O PR confessou ter medo "de haver uma crise sem uma oposição forte"

Marcelo contra greve dos enfermeiros: “É intolerável”

Ângela Silva

Jornalista

Marcelo Rebelo de Sousa acha "intolerável" a situação a que chegou a greve dos enfermeiros. Considera ilegal a greve financiada por crowdfunding - "nem é preciso, porventura, alterar a lei". E inaceitável a resposta dos sindicatos à requisição civil decretada pelo Governo, quando dizem que vão faltar ao trabalho. O Presidente da República disse-o quinta-feira à noite na TVI, onde foi convidado da primeira edição da Circulatura do Quadrado, a nova versão do ex-programa da SIC Quadratura do Círculo.

"Como Presidente da República, vou ser muito claro. Muito afeto, mas autoridade", afirmou Marcelo, após considerar "intolerável pensar que perante uma decisão legal (e estava-se a falar da requisição civil decretada pelo Governo face à greve dos enfermeiros) a resposta seja: não acatamos". O Presidente não contestou a requisição civil: "O Governo diz que não foram cumpridos os serviços mínimos. Se isso for verdade, está preenchido o requisito para a requisição civil", afirmou.

Jorge Coelho, um dos participantes no programa, tinha dramatizado a guerra em causa entre Governo e enfermeiros, avisando que "é preciso pôr cobro a isto" e evitar uma espiral que "não se sabe onde vai parar". E Marcelo Rebelo de Sousa, a quem o socialista Jorge Coelho se referiu na Circulatura como "o meu Presidente", sempre a acenar que sim com a cabeça, demarcou-se claramente dos enfermeiros grevistas.

O Presidente - que confessou que "uma das coisas que mais (o) preocupam é poder haver uma crise sem haver uma oposição forte" - começou por contestar a forma como esta greve surgiu e que na sua opinião é ilegal.

Quem pode promover o crowdfunding "é um movimento cívico", explicou. E "um movimento cívico não pode decretar uma greve". Mais: "Quem pode decretar uma greve são os sindicatos e devem fazê-lo com os fundos dos seus associados". Ou seja, Marcelo alinha a 100% com o Governo de António Costa relativamente a este conflito laboral. O primeiro-ministro, recorde-se, classificou esta greve de "selvagem".

Sem querer "discutir a substância" da greve e as queixas dos enfermeiros que mostrou compreender, Marcelo lembrou no entanto que cedo chamou a atenção da classe em causa para o facto de "não pensarem só nos seus direitos mas também nos direitos dos utentes, no direito à vida e no direito à saúde".

"Vão pesando e vão pesando bem porque pode haver um momento em que isto desiquilibra contra vós", lembrou o Presidente ter avisado há já alguns dias.

Sobre a requisição civil, o PR começou por dizer aos jornalistas, antes de chegar à TVI, que só soube da decisão do Governo "pela comunicação social". Mas se não chegou a falar com o Governo, Marcelo mostrou estar, apesar disso, totalmente alinhado com ele.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: AVSilva@expresso.impresa.pt

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