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Que voz é esta?

Por que razão sofrem os jovens? "Vejo a minha geração mais triste do que as anteriores. Estamos agarrados às redes sociais, sozinhos"

O pedopsiquiatra Augusto Carreira e a jovem Beatriz Oliveira foram os convidados do podcast Que Voz é Esta? dedicado à saúde mental dos adolescentes
O pedopsiquiatra Augusto Carreira e a jovem Beatriz Oliveira foram os convidados do podcast Que Voz é Esta? dedicado à saúde mental dos adolescentes
NUNO BOTELHO

Nos últimos anos, os sinais de sofrimento psicológico dos jovens agravaram-se significativamente. A procura dos serviços de pedopsiquiatria disparou, os comportamentos autolesivos e as tentativas de suicídio estão a aumentar e são cada vez mais os adolescentes medicados com ansiolíticos e antidepressivos. Oiça aqui o novo episódio do podcast do Expresso “Que Voz é Esta?”, desta vez dedicado à saúde mental dos adolescentes, com as explicações do pedopsiquiatra Augusto Carreira e o testemunho de Beatriz Oliveira, uma jovem de 17 anos, aluna do 11.º ano numa escola em Lisboa

Por que razão sofrem os jovens? "Vejo a minha geração mais triste do que as anteriores. Estamos agarrados às redes sociais, sozinhos"

João Martins

Coordenador de Podcasts

Os números impressionam. Segundo um estudo da Organização Mundial da Saúde, divulgado no ano passado, 28% dos adolescentes portugueses sentem-se infelizes e 9% dizem-se “tão tristes que não aguentam mais”. É verdade que a adolescência sempre foi uma fase da vida associada a algum mal-estar psicológico, mas vários indicadores, como o aumento do consumo de psicofármacos ou o crescimento das tentativas de suicídio, mostram que o sofrimento parece estar a agravar-se.

“Vejo a minha geração mais triste do que as gerações anteriores”, admite Beatriz Oliveira, de 17 anos, apontando que muitos jovens estão hoje “agarrados a jogos ou a redes sociais, mais fechados sobre aquilo que sentem” e com dificuldade em criar relações.

No quinto episódio do podcast “Que Voz é Esta?”, dedicado à saúde mental dos adolescentes, o pedopsiquiatra Augusto Carreira, antigo diretor do serviço de psiquiatria da infância e da adolescência do Hospital Dona Estefânia, em Lisboa, explicou alguns dos fatores que podem estar a provocar um agravamento do mal-estar psicológico dos mais jovens, como as profundas alterações sociais e familiares que têm vindo a acontecer nos últimos anos, de forma acelerada.

“O modelo de socialização dos jovens hoje em dia é diferente. É um modelo em que as pessoas, parecendo que estão acompanhadas, estão na verdade numa grande solidão”, explica, considerando que “este isolamento motivado pelas tecnologias” é um dos fatores que ajudam a explicar o agravamento dos sinais de sofrimento entre os adolescentes.

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