Palavra de Autor

Maria Teresa Horta: “Era o quotidiano que nos fazia tomar posições feministas”

Face à morte de Maria Velho da Costa, recordamos o livro “Novas Cartas Portuguesas”, escrito por ela e também por Maria Isabel Barreno e Maria Teresa Horta. É esta última que conta a história de um livro que incomodou a ditadura e inspirou os feminismos internacionais da década de 70, numa edição especial do Palavra de Autor, podcast do Expresso sobre livros. Uma conversa de Cristina Margato ao telefone com a escritora e poeta de 82 anos

No início dos anos 70, o clima social e político em Portugal era abafado, a liberdade pouca. Mesmo para as mulheres emancipadas, que trabalhavam, havia a culpa. A culpa de estar a roubar tempo à família, ao marido e aos filhos.

Três mulheres, três escritoras, encontravam-se semanalmente ao almoço num restaurante no Bairro Alto. Nascia uma amizade, e mais tarde um livro como reação a uma agressão de que uma delas, Maria Teresa Horta, foi vítima por publicar um livro de poemas.

A ideia das "cartas" foi da segunda, Maria Velho da Costa, e Maria Isabel Barreno iniciou sua escrita. Nasceram as “Novas Cartas Portuguesas”, e elas acusadas de pornografia foram a tribunal.

Felizmente a última audiência do processo de que as três estavam acusadas foi marcada precisamente para o dia 25 de abril de 1974. A revolução livrou-as da sentença de culpa e de uma garantida prisão.

Antes disso, as três escritoras ficaram famosas fora de portas, defendidas por mulheres como Simone Beauvoir e por ativistas femininas de várias partes do mundo.

O tempo afastou as três Marias, nomeadamente quando Maria Velho da Costa se quis distanciar do que chamava a “novela das três Marias”.

Com Maria Teresa Horta, a única que resta viva, recordamos a história deste livro, publicado pela primeira vez em 1972, e escrito ao longo de nove meses. E um sentido de amizade que sobreviveu.

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