Palavra de Autor

Palavra de Autor #29 Mia Couto: “Pobre é quem perdeu a capacidade de se contar a si próprio”

“O Universo Num Grão de Areia” é um livro que pensa o mundo, África ou as muitas ‘Áfricas’ que cabem nela. A literatura, ou o papel que esta pode ter na ordem da nossa vida. O escritor moçambicano Mia Couto reflete e evoca as histórias que lhe dão corpo e as personagens que vivem dentro do escritor que é, como é o caso de Fernando Pessoa, “terapeuta da sua adolescência”, ou de Tchaíssa Nguezi, caçador cego que só podia ver quando caçava. Neste Palavra de Autor, à conversa com Cristina Margato, o escritor lê passagens da obra que antecede o lançamento de um novo romance no próximo ano, e também fala da sua infância, na Beira, “água Natal”, destruída pelo ciclone Idai, ou da inexistência de uma linha de separação entre ficção e realidade

O último livro de Mia Couto não é um romance. Mas um conjunto de ensaios: “O Universo Num Grão de Areia”, editado pela Caminho, reúne uma série de textos, escritos para serem ditos/lidos em “intervenções cívicas” realizadas nos últimos dez anos; e antecede um romance a lançar no próximo ano, no qual o escritor moçambicano regressa ao território da infância, a cidade da Beira: “não apenas um lugar”, mas também “um parente que me trouxe ao colo e me contou histórias”.

É, aliás, com essa viagem à Beira que o livro começa, relatando a visita de Mia Couto à cidade, logo após a passagem do ciclone Idai, em março de 2019, e o luto carregado com que o escritor parte de Maputo.

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Nestes textos, Mia Couto tanto aborda a política como a biografia, a política como biologia; tanto fala do medo como da indignação. Sendo que ora identifica o medo como um assunto pessoal, de combate interior, como enquanto arma política: “Há quem tenha medo que o medo acabe.”

Mia Couto nasceu em Moçambique, em 1955. Tem mais de uma vintena de livro publicados, nos géneros de ficção, crónica, poesia e ensaio. Foi Prémio Camões em 2013, e recebeu aquele que é considerado o “Nobel americano”, o prémio Neustadt, em 2014. Além de escritor é biólogo. Também já foi jornalista.

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