Palavra de Autor

Palavra de Autor Teolinda Gersão #18: “A Dona Branca era honesta. Ajudou muitas pessoas”

O último livro de Teolinda Gersão relembra-nos Dona Branca, a banqueira do povo, relacionando a sua história com a crise dos últimos anos do sistema financeiro. É um dos contos que a escritora reúne em “Atrás da Porta e Outras Histórias” (Porto Editora), e o último de catorze. Exímia no conto, Teolinda Gersão escreve também a partir de histórias que os leitores, acreditando que a literatura tem poderes mágicos, lhe contam. E fá-lo como se cada conto “fosse um disparo, uma bala”, no qual coexistem diversos níveis de leitura. Neste Palavra de Autor, Teolinda Gersão lê e conversa com Cristina Margato, sobre alguns destes “disparos”, relacionando-os com a atualidade, nomeadamente a que faz com que em matéria de violência doméstica contra as mulheres “a justiça pareça mais atrasada que a religião”. A encerrar lembra-nos que a única luz que podemos encontrar “está dentro de nós”

O skater que é dador de esperma, a advogada que nunca irá deslindar a razão do divórcio da sua cliente ou a Dona Branca, precursora de muitas das nossas crises, são personagens do último livro de Teolinda Gersão, colectânea de catorze contos.

Textos curtos e incisivos, que Teolinda Gersão escreve para se apresentarem como um disparo, ainda que procure colocar neles diferentes histórias e várias possibilidades de leitura.

Em Palavra de Autor, a escritora mostra-se atenta à realidade, aonde vai buscar grande parte da inspiração, mas também às histórias que através dos leitores que a abordam lhe chegam aos ouvidos. Gente que acredita na literatura como possibilidade mágica, e no escritor como mediador de uma hipótese de redenção.

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Teolinda Gersão nasceu em 1940, em Coimbra. Estudou Germanística, Romanística e Anglística, viveu em Berlim, onde foi leitora de Português. E também em São Paulo.

Lecionou na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e é professora catedrática da Universidade Nova de Lisboa, onde ensinou literatura alemã e literatura comparada, até 1995, o mesmo ano em que recebeu o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores pelo romance A Casa da Cabeça de Cavalo.

Começou a publicar aos 41 anos e recebeu por “Silêncio” o prémio de Ficção do Pen Clube, feito que repetiu em 1989 com “O Cavalo de Sol”. Ganhou o Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco por “Histórias de Ver e Andar” (2002).

Em 2017, ganhou o prémio literário Vergílio Ferreira, pela “alta qualidade da arte narrativa expressa nos vários géneros de ficção clássica, em particular o romance e o conto”. Tem mais de quinze livros publicados.

“Atrás da Porta e Outras Histórias” é o mais recente.

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