Dez dias depois da passagem do ciclone Daniel, que provocou o desabamento de duas barragens, inundou e destruiu a cidade de Derna, no nordeste da Líbia, a contabilidade dos mortos varia entre os 4 mil e os 11 mil. Os desaparecidos também são aos milhares. E estes são números provisórios, que poderão, admitem as autoridades, mais do que duplicar, não se sabendo ao certo se algum dia haverá um retrato fiel da catástrofe.
A esta incerteza junta-se a circunstância de a Líbia estar dividida em dois governos rivais, um no oeste e o outro no leste do país. Soma-se ainda o risco de uma epidemia e de um surto de doenças que, segundo as Nações Unidas, pode criar “uma segunda crise devastadora” na Líbia.
Ana Santos Pinto, professora de Relações Internacionais na Universidade Nova de Lisboa e diretora executiva do Instituto Português de Relações Internacionais (IPRI), é a convidada de um episódio conduzido pelo jornalista Hélder Gomes e com sonoplastia de João Martins.
O dinheiro que tem chegado à Líbia na última década “circula, em boa parte, através de mecanismos de economia informal e de corrupção, e é dirigido a equipamentos militares e às milícias”, sublinha a diretora do IPRI. Ana Santos Pinto alerta igualmente que, ao dividir Derna em quatro secções para se criarem zonas de proteção em caso de surto de doenças, a administração do leste líbio “não está a permitir a circulação de pessoas”, o que, “na prática, significa não permitir a sua sobrevivência”.
O Mundo a Seus Pés é o podcast semanal da editoria internacional do Expresso. A condução é rotativa entre os jornalistas Cristina Peres, Pedro Cordeiro, Manuela Goucha Soares e Ana França. Subscreva e ouça mais episódios:
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