O Mundo a Seus Pés

Guerra no Sudão. Ouro e água são interesses-chave num conflito que cauciona gerações de sudaneses e contamina a região

A distribuição do ouro extraído no Sudão, o terceiro maior produtor mundial deste metal precioso, e os interesses do Egito em travar a barragem etíope do Nilo são pano de fundo para uma guerra que inclui muitos outros ingredientes e “só não se sabia quando iria começar”, como diz Alexandra Magnólia Dias em conversa com a jornalista Cristina Peres. A capital Cartum está a ferro e fogo com instituições, hospitais e embaixadas pilhadas de caminho

Guerra no Sudão. Ouro e água são interesses-chave num conflito que cauciona gerações de sudaneses e contamina a região

Cristina Peres

Jornalista de Internacional

Guerra no Sudão. Ouro e água são interesses-chave num conflito que cauciona gerações de sudaneses e contamina a região

João Martins

Sonoplastia

O Conselho Soberano Sudanês anunciou estar pronto a parar a guerra com as Forças de Apoio Rápido sob a condição de estas cessarem os ataques a civis e aceitarem um diálogo político inclusivo.

Segundo o site do “Sudan Tribune”, as declarações seguiram-se à conclusão da Conferência de Países Vizinhos do Sudão, que teve lugar no Cairo, na quinta-feira 13 de julho, e na qual os participantes pediram uma solução política para a crise após três meses de conflito entre o exército e as forças paramilitares.

Restaurar a paz no Sudão é o que pretendem os líderes regionais porque o conflito que grassa em Cartum ameaça ultrapassar fronteiras numa mancha de mapa já destabilizada pela guerra na Etiópia. Até agora, os esforços diplomáticos falharam.

Um ataque que há dias matou 22 civis na região do Darfur, a mais negligenciada do Sudão, e onde foram cometidas atrocidades há 20 anos, esteve na origem do alerta lançado pelas Nações Unidas: o Sudão está à beira de uma guerra civil de larga escala.

De abril até meados de julho, os combates na capital sudanesa já expulsaram 3 milhões de pessoas das suas casas, incluindo 700 mil que fugiram para os países vizinhos, eles próprios a braços com conflitos internos.

As consequências vão ser devastadoras para a comunidade de pessoas que viveu a revolução pró-democracia de há quatro anos, a qual acabou com 30 anos de ditadura militar e censura repressiva de Omar al-Bashir.

Alexandra Magnólia Dias, professora assistente do Departamento de Estudos Políticos da Universidade Nova de Lisboa e investigadora no IPRI, Instituto Português de Relações Internacionais, ajuda-nos a compreender as implicações do conflito no país, região e mundo.

Este episódio do podcast O Mundo a Seus Pés é da autoria de Cristina Peres e a edição multimédia é de João Martins.


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