Isabel Vaz, CEO da Luz Saúde: “Ninguém manda nos médicos. Na saúde não há chefias, há liderança, ou não se chega a lado nenhum”
O que se espera de um líder quando o cenário é de quase catástrofe? Que se mantenha firme, focado na solução e que “nunca abandone o barco”. Isabel Vaz, CEO da Luz Saúde, é o rosto da saúde privada em Portugal. Há 23 anos que lidera o negócio que resistiu ao colapso do então acionista BES. Gestão de crise é algo em que se especializou. É a convidada deste episódio do podcast “O CEO é o limite”
Tinha 33 anos quanto Ricardo Salgado, então presidente do Grupo Espírito Santos, a foi recrutar à consultora McKinsey para por de pé a Espírito Santo Saúde, que haveria de dar lugar à Luz Saúde após o colapso do Grupo BES. Isabel Vaz, presidente da Comissão Executiva da Luz Saúde, é o rosto da saúde privada em Portugal.
Recorda que há 23 anos, quando ajudou a fundar o grupo, “não fazia ideia dos lóbis todos do sector e até da resistência à mudança para uma série de coisas”. À distância de mais de duas décadas reconhece que foi precisamente a “juventude”, a sua e a da equipa que acompanhou, que garantiu o sucesso do projeto: “se calhar se fosse hoje, eu não me tinha atrevido a tanta coisa. Aos 33 anos não se tem medo de rigorosamente nada”.
Isabel Vaz, CEO da Luz Saúde, durante a gravação do podcast "O CEO é o limite"
Com uma visão da liderança em que, por mais crítico que seja o cenário, “o líder não abandona o barco”, assume que em diversas etápas do seu percurso teria sido mais fácil fazê-lo. Resistiu ao colapso do Grupo Espírito Santo, conseguindo manter intacto um projeto com 14 mil trabalhadores, manteve unida uma equipa num cenário de pandemia.
Fascinada pelo universo da saúde, tem da gestão do sector uma visão muito crítica. Numa conversa gravada antes da demissão do primeiro-ministro António Costa, fala do momento mais difícil da sua carreira, da forma como lidera no quotidiano as suas equipas, do braço de ferro entre médicos e Governo e da reestruturação do Serviço Nacional de Saúde, e vinca que “nenhuma revisão séria [do SNS] pode ignorar que o sector privado existe”.
Relembra que “os médicos… ninguém manda nos médicos. Na saúde não há chefias, há liderança ou não se chega a lado nenhum”. E isso, vinca Isabel Vaz, “é um desafio fascinante para qualquer gestor”.
O CEO é o limite é o podcast de liderança e carreira do Expresso. Todas as semanas a jornalista Cátia Mateus mostra-lhe quem são, como começaram e o que fizeram para chegar ao topo os gestores portugueses que marcaram o passado, os que dirigem a atualidade e os que prometem moldar o futuro. Histórias inspiradoras, contadas na primeira pessoa, por quem ousa fazer acontecer. Ouça outros episódios aqui.