2015: o ano em que António Costa inventou a 'geringonça'
Este Liberdade Para Pensar pára em 2015, ano marcado em Portugal pela inédita negociação de um acordo à esquerda que permitiu ao PS de António Costa, apesar de ter perdido as eleições, derrubar o Executivo de Passos Coelho e, formar, ele próprio, uma solução alternativa de Governo, que Paulo Portas batizou como “geringonça”. Neste episódio, Cristina Figueiredo conversa com Luísa Meireles, Paulo Paixão e Rosa Pedroso Lima, três antigos jornalistas do Expresso que, há oito anos, acompanharam de perto as eleições de 4 de de outubro e os turbulentos dias políticos que se seguiram
2015 é um ano marcado pelo terrorismo jihadista em Paris. Entre 7 e 9 de janeiro, um atentado ao jornal satírico Charlie Hebdo e a um supermercado judeu,também na capital francesa, provoca 17 mortos. No final do ano, em novembro, três novos ataques farão 130 vítimas mortais, 89 delas na sala de espectáculos Bataclan.
A 2 de setembro, o corpo de um bebé dá à costa numa praia da Turquia. É uma das 5 vítimas mortais de mais um naufrágio no Mediterrâneo. A imagem de Aylan, três anos, calções azuis e camisolinha vermelha, com o rosto na areia, ficará para sempre na nossa retina como o tristíssimo símbolo da crise dos refugiados ainda hoje sem solução à vista.
Por cá, José Sócrates continuava na prisão (seria libertado no início de setembro) e rara é a semana que a primeira página do Expresso não traz notícias sobre o ex-primeiro-ministro e a Operação Marquês.
PSD e CDS formalizam um acordo de coligação pré-eleitoral, a que chamam Portugal À Frente, rumo às eleições marcadas para 4 de outubro. Após 4 anos de austeridade, imposta pela troika e escrupulosamente cumprida pelo Executivo liderado por Pedro Passos Coelho, não se afigura fácil convencer os portugueses a deixarem que a direita continue no poder.
Para surpresa de muitos, é mesmo a PAF que vence as legislativas. Mas sem maioria absoluta. Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP, é o primeiro a falar na noite eleitoral e garante que"o PS só não forma Governo se não quiser." Começavava a nascer a “geringonça”.