Geração 80

Branko: “Os Buraka tiveram um papel de colocar vocabulário e ideias na cabeça das pessoas; contribuímos para acabar com algum preconceito”

Em criança preferia estar fechado no sótão a experimentar beats do que a jogar à bola. De microfone e minidisc em riste gravava o som dos comboios, as conversas das pessoas e os barulhos da rua para usar nas suas músicas. O sucesso veio com os Buraka Som Sistema, mas nunca se sentiu afetado pela ideia da fama. Hoje é um dos DJs e produtores mais reconhecidos do mundo e um ávido animador de pistas de dança, seja em Alfama, Londres ou África. Branko é convidado do Geração 80, podcast de Francisco Pedro Balsemão

Nasceu em abril de 1980, em Lisboa. Cresceu e viveu na Amadora. É João Barbosa, mas todos o conhecem por Branko.

Em miúdo não gostava de jogar à bola na rua e passava muito tempo fechado no sótão de casa a criar os próprios “beats”, ler revistas e a explorar um programa de música. A madrinha ofereceu-lhe uma guitarra, mas nunca teve muito jeito para tocar, só gostava de mobilizar a família e criar uma banda lá em casa.

O primeiro melhor amigo foi o minidisc e o microfone portátil que levava para todo o lado. “Andava pela rua e gravava as conversas dos meus amigos, gravava sons das viagens, pessoas a cantar, a estação de comboios. Gravava um bocadinho de tudo e depois utilizava essa matéria para inserir nas músicas. Quase que não se percebia, mas para mim queria dizer muito, fazia com que aquela música fosse só minha”, explica.

José Fernandes

No verão, a família enchia a mala do carro e viajava pela Europa. “Percebi que o mundo não acabava em Elvas”, recorda. Não havia telemóveis e para passar o tempo lia livros de banda desenhada, discutia com a irmã no banco de trás, pensava e contava os carros.

“Lembro-me perfeitamente de algumas viagens. No Mónaco ficámos só parados à frente do Casino de Monte Carlo, a ver os carros a chegar para depois irmos dormir no parque de campismo”, recorda.

José Fernandes

Em adolescente corria os festivais de música e os concertos dos Da Weasel com os amigos. Cresceu mergulhado nos “beats” e os locais que frequentava também respiravam aquela música que para muitas editoras era “um bocado esquisita”.

Os One Week Project nasceram numa “semana aborrecida” de agosto em Lisboa e foram o levantar do véu para o que aí vinha. Com o amigo Kalaf criou também os Buraka Som Sistema.

“Os Buraka Som Sistema foram criados numa pista de dança enquanto estavam a tocar duas músicas e nós estávamos a ver a reação das pessoas”, conta.

José Fernandes

Branko é o convidado do novo episódio do podcast Geração 80 conduzido pelo Francisco Pedro Balsemão. É licenciado em Direito e em Engenharia do Som pela Universidade de Madrid. Nunca se sentiu afetado pela “ideia da fama”, mas sentiu que tinha de deixar uma marca na música e no mundo. Hoje é um dos DJs e produtores mais reconhecidos do mundo e um ávido animador de pistas de dança - seja em Alfama, Londres ou África.

“As canções têm o poder de viver para sempre e procuro sempre chegar a isso. Um dos grandes privilégios é fazermos o que gostamos e quando me sento em frente ao computador o meu cérebro está a 100% ali”.


José Fernandes

Livres e sonhadores, os anos 80 em Portugal foram marcados pela consolidação da democracia e uma abertura ao mundo impulsionada pela adesão à CEE. Foram anos de grande criatividade, cujo impacto ainda hoje perdura. Apesar dos bigodes, dos chumaços e das permanentes, os anos 80 deram ao mundo a melhor colheita de sempre? Neste podcast, damos voz a uma série de portugueses nascidos nessa década brilhante, num regresso ao futuro guiado por Francisco Pedro Balsemão, nascido em 1980.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: jmartins@expresso.impresa.pt

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