TAP: “O Governo deve também tirar as suas ilações” (os conselhos do socialista que presidiu à comissão de inquérito)
Lacerda Sales, o presidente da Comissão de Inquérito à TAP nos meses das audições mais quentes, diz esperar abertura e “bom senso” do PS, para não votar sozinho o relatório final. E sugere ao Governo que tire “lições” sobre a relação com as empresas públicas. Mas poderá Costa respirar fundo? “Um governo nunca pode respirar fundo. Deve ser respirar responsabilidade”
Foi secretário de Estado da Saúde de António Costa, assumiu depois o lugar de deputado - e acabou (sem o esperar) por ficar com a cadeira de presidente da Comissão de Inquérito parlamentar à TAP. Ao Expresso da Manhã, no dia em que se conhece o relatório final da CPI - elaborado por uma deputada da maioria socialista -, Lacerda Sales admite que, do relatório final, surjam “pontos com diferentes interpretações dos factos, mas também que possa haver algum consenso” com alguns partidos. Sugerindo à bancada do seu partido que aceite incorporar sugestões da oposição: “Se uma maioria absoluta for dialogante e de bom senso, não quererá ter a verdade absoluta”.
Convencido que “os deputados foram percebendo que havia linhas vermelhas”, o presidente da CPI não deixa de se mostrar “preocupado” com a linguagem “pouco urbana” que, a dados espaços, ouviu na comissão. Mesmo entendendo que esta CPI se transformou “num instrumento nobre e até digno de fiscalização”, porque “o ruído inicial foi desaparecendo”.
Acredita que “o escrutínio foi grande, mas a TAP não foi prejudicada”, diz esperar que a empresa se mantenha “acima de preconceitos ou quimeras ideológicas”.
Quanto ao Governo, António Lacerda Sales recomenda que “deve também tirar as suas ilações, nomeadamente na relação com o setor empresarial do Estado.” Mas deixa sobretudo um conselho, em período final de uma difícil Comissão de Inquérito: “Um governo nunca pode respirar fundo, em nenhuma situação - não é só nesta. Deve ser respirar responsabilidade.”
Neste podcast diário, Paulo Baldaia conversa com os jornalistas da redação do Expresso, correspondentes internacionais e comentadores. De segunda a sexta-feira, a análise das notícias que sobrevivem à espuma dos dias. Oiça aqui outros episódios: