Bloco de Leste

Zelensky ganha drones, mísseis e tanques para contraofensiva. Mariupol pode ser decisiva para cortar o abastecimento de forças russas

Nos últimos dias, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, andou num périplo por Itália, França, Alemanha e Reino Unido, alguns dos maiores e mais poderosos aliados europeus. Foi em busca da (re)confirmação do apoio no esforço de guerra e, sobretudo, de mais meios militares para a anunciada contraofensiva militar ucraniana. Drones, tanques, caças e mísseis. É sobre isto e muito mais que falamos no episódio desta semana do podcast Bloco de Leste, numa conversa com Sandra Fernandes, da Universidade do Minho, e com o coronel Luís Saraiva, doutorado em Relações Internacionais e especialista em questões militares e estratégicas. Se tiver sugestões de temas ou perguntas para o Bloco de Leste, pode enviá-las para mgssilva@expresso.impresa.pt
NUNO FOX

Zelensky esteve nos últimos dias com Scholz, com Meloni, com Macron e com Richi Sunak, além de um encontro com o Papa Francisco. E trouxe, além de apoio político, a promessa de mais armas e material de guerra.

Qual a importância deste périplo (o segundo deste ano pela Europa) ? Em que medida as promessas de apoio militar ajudam a perceber como vai ser a contraofensiva militar ucraniana? E onde é que esta deve surgir? E quando? Tudo perguntas para as quais pode ouvir as respostas de Luís Saraiva e Sandra Fernandes neste episódio.

“Os drones militares de longo alcance [do Reino Unido] podem preparar o ataque à retaguarda das forças russas”, afirma o coronel Luís Saraiva, mostrando-se no entanto cauteloso em relação ao fornecimento de caças de combate F-16, dado que este passo poderia representar “uma escalada” no conflito com a Rússia.

Sandra Fernandes diz que Zelensky “é muito hábil” e aprendeu que não pode andar a queixar-se. Visitou as maiores potências económicas europeias e conseguiu resultados palpáveis.

Será que a contraofensiva ucraniana já começou?

“Há indícios de contra-ataque na zona de Bakhmut, em que a frente já cedeu cerca de um quilómetro”, afirma Luís Saraiva.

Embora o foco esteja muito centrado em Bakhmut, na região do Donbas e onde os confrontos são intensos há muitos meses, há mais três eixos a que convém prestar atenção. E qualquer um deles poderia servir para o grosso da contraofensiva militar: um mais a norte, a partir de Kharkiv; Depois, Bakhmut, mas ainda há uma outra zona relevante, mais a sul, centrada em Kherson; Finalmente, há um quarto eixo ou zona “essencial para cortar o fornecimento às forças russas na Ucrânia”: o eixo de ataque de Zaporijia para Mariupol (ver mapa em baixo).

“Se a Ucrânia conseguisse reconquistar Mariupol, cortava definitivamente o abastecimento às forças russas que estão mais a sul, e de alguma forma cortava o abastecimento à Crimeia. As forças russas ficariam divididas em dois blocos, sem possibilidades de abastecimento", remata o coronel Luís Saraiva, antevendo o que poderá ser o principal foco de conflito militar nos próximos meses.



Se tiver sugestões de temas ou perguntas para o Bloco de Leste, pode enviá-las para mgssilva@expresso.impresa.pt

Este é o podcast semanal do Expresso dedicado à guerra na Ucrânia. Aqui, todas as semanas olhamos para o que de mais relevante se está a passar no conflito no Leste da Europa.

Procuramos ir além da espuma dos dias e ajudar os nossos ouvintes a navegar no nevoeiro da informação que nos chega em permanência sobre a maior guerra na Europa desde a II Guerra Mundial.

Nesta nova temporada do Bloco de Leste conto com a ajuda de duas das maiores especialistas nesse conflito, que nos habituámos a ler, ver e ouvir ao longo deste tempo. Elas são a Lívia Franco e a Sandra Fernandes, ambas investigadoras e professoras universitárias. Ouça aqui mais episódios:

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: mgsilva@expresso.impresa.pt

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