Bárbara Guimarães: “Tenho dificuldade em dizer às vítimas de violência doméstica para se queixarem. Tudo demora e desgasta”
Bárbara Guimarães é a convidada de Carla Quevedo e Matilde Torres Pereira neste Dia Internacional da Mulher no podcast As Mulheres Não Existem. Dispensa apresentações: a sua voz é imediatamente reconhecível. Apresenta hoje um programa na SIC Mulher com um título que lhe serve como uma luva: "Irresistível". Bárbara Guimarães é uma combinação de coragem discreta, força serena e alegria profunda
É público que os últimos dez anos de Bárbara Guimarães foram tudo menos fáceis. Um processo judicial desgastante em que o ex-marido foi condenado por violência doméstica pelo Tribunal da Relação de Lisboa e um diagnóstico de “carcinoma invasivo” recebido por email levam-na a concluir: “Foi uma década suspensa da minha vida. Foram dez anos muito morosos”. Responsabiliza um Estado que demora anos a decidir e que assim desincentiva as mulheres a apresentarem queixa, mas nunca perde “aquela parte de si mesma em que ninguém pode tocar”. Está disposta a recuperar os anos perdidos? “Não faço 50. Como tive dez anos em suspenso, faço 40 anos.”
NUNO BOTELHO
Num podcast muito dado a homenagens e celebrações de pessoas individuais, optámos por falar de um tema pouco aprofundado e até visto com desconfiança: a amizade entre as mulheres. As mulheres podem ser amigas umas das outras? O preconceito diz que não, que as mulheres “são más” umas com as outras - ou “peixes frios”, que também os há, como diz a nossa convidada - mas a verdade é bem diferente. Falámos sobre o significa “ter amigas” na vida de cada uma, a importância de esquecer brigas, e sobre aquela competição inicial que se torna uma amizade de toda a vida: “As verdadeiras amizades entre mulheres não são competitivas”, observa Bárbara Guimarães. Refere que “sororidade é uma palavra pesada” para descrever o que deveria ser uma união natural entre as mulheres que optam por “dar uma folga” àquelas de quem discordam. Prefere o verbo “blimundar”, que inventou com Ana Saramago, e que ambas querem ver incluído no dicionário. Quer saber o que é? É só ouvir o episódio.
NUNO BOTELHO
Tivemos ainda tempo para contarmos um pouco da vida de Elma Farnsworth, a primeira mulher a aparecer na televisão, em 1927 e recomendamos também uma escultura de Jenny Holzer, um banco de jardim com a frase “Men Don't Protect You Anymore” e o hino contraditório e bem disposto de Chaka Khan, “I'm Every Woman”.
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