Cinco anos depois dos Panama Papers, e apesar do impacto que essas revelações tiveram, o mundo dos negócios offshore parece estar ainda em grande forma. Pouco mudou desde então. Muitos dos que usavam os serviços da Mossack Fonseca, o escritório de advogados que foi a origem da fuga de informação dos Panama Papers, simplesmente passaram a recorrer a outros escritórios do género e continuaram com as suas vidas. Pelo meio, e durante este tempo, houve uma série de políticos que foram mantendo as suas fortunas em segredo atrás das suas companhias offshore. Até agora.
O Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ), de que o Expresso é parceiro em Portugal, teve acesso a uma nova coleção de 11,9 milhões de ficheiros confidenciais que permitiram descobrir informações sobre companhias offshore ligadas a um total de 35 atuais e antigos Presidentes e primeiro-ministros, além de mais de 330 funcionários públicos em mais de 90 países. E também gente fugida à Justiça ou condenada por burla, fraude ou mesmo homicídio.
A lista de poderosos que aparecem nos Pandora Papers, o nome com que foi batizado este projeto de investigação jornalística do ICIJ, inclui o primeiro-ministro checo. Andrej Babis, que usou uma estrutura offshore para comprar um castelo de 19 milhões de euros em França; o rei da Jordânia, Abdullah II, que adquiriu três propriedades em Malibu, na Califórnia, por 59 milhões de euros, através da Ilhas Virgens Britânicas quando o seu país estava em profunda crise social e económica; o ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair e a sua mulher, que compraram um edifício por 7,6 milhões de euros a uma companhia offshore da família do ministro da Indústria do Bahrain, Zayed bin Rashid al-Zayani.
Os exemplos encontrados nos Pandora Papers de políticos que recorrem a paraísos fiscais para ocultar os seus ativos é extensa.
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